Luan de Sangue- Quadragésimo Quinto Capítulo

    

                                                

 

                                                                       !!!AVISO!!!

    Gostaria de avisar para aqueles que recebem notificações dos novos capítulos, a plataforma não irá mais enviá-las para vocês! 

    Era só isso mesmo, aproveitem a história, espero de coração que vocês estejam gostando e deixem ali nos comentários sua opinião sobre a trama, um beijo e um queijo❤.

 
 
 
 
 
   -De novo- ordena Leon.
    Eu já estava toda suada e dolorida.
    Leon é mais severo do que Lissa quando o assunto se trata do quesito treinamento.
    Ela anda sumida ultimamente, sempre resolvendo assuntos "importantes" do outro lado de sua cabeça, Leon está comigo a algumas semanas, estou retomando o controle aos poucos, já controlo o fogo e a terra com perfeição, mas parece que voltei a estaca zero com os outros elementos, Leon e eu treinamos combate corpo a corpo todos os dias, prefiro mais meus treinamentos com arco e flecha, não posso mais invocar o arco que ganhei de Sírinx, então treino com um de madeira qualquer, a luta de espadas e bastões são as piores, sinto dores em minhas mãos constantemente, mas estou melhorando.
    Refaço todo o processo com o bastão que Leon me ensinou, ele é forte e mais experiente, mas sou mais rápida e fico mais forte a cada dia.
    Rodo o bastão no ar antes de atacar Leon novamente, sem movimentos defensivos.
    Ele se defende e eu continuo a atacá-lo com movimentos repetitivos.
    Ele para e eu o imito, ficando o mais ereta que consigo.
   -De novo- ele repete, voltando a ficar em posição de defesa.
    Eu obedeço e faço tudo de novo pela tarde toda.
    Minha mão está cheia de calos, mas ele sumirão quando eu acordar novamente.
    Não sei quanto tempo exatamente eu estou presa aqui dentro, mas sei que passam de meses, o tempo passa diferente aqui, para Lissa se passam meses, mas para mim são apenas semanas.
    Lissa aparece no fim de tarde, quando Leon e eu estamos na cozinha analisando os mapas do Mundo Sobrenatural, ele me faz decorar o nome de cada estrada e floresta, rios e mares, aprendo tudo depois de alguns dias repetindo-os em nossos treinamentos diários.
   -Leon, temos que conversar- Lissa se pronuncia assim que fecha a porta da frente.
    Ele olha para mim  e afirma com a cabeça.
   -Fale para mim também- digo olhando séria para Lissa -eu não estou pedindo.
    Ela revira os olhos e vem até nós.
   -A três semanas eu e os outros fugimos do calabouço de Max- ela diz e sinto uma pontada de esperança, meu irmão e Alice estão bem -não teremos o apoio de Khione, Max foi mais esperto que nós e usou um casamento como pretexto para uma aliança com Tylsa, ele e Pérola se casarão em um mês.
   -Pérola?- repito com as sobrancelhas arqueadas -a mesma Pérola que eu conheço?
   -Sim- confirma Leon e eu sinto que minha boca se transforma em um "o"
   -Como consequência do casamento de Max com a filha de Tylsa, Luna foi considerada uma traidora pela corte e foi sentenciada a pena de morte- arregalo meus olhos para Lissa que me impede de falar com um gracejo de mãos -por isso nós fugimos, Luna agora está fora do território de Max e segura, estamos em um acampamento na Floresta de Idylla, por enquanto.
   -E Luna? Como ela está?- resolvo perguntar, queria desesperadamente estar ao seu lado e dar um chute no traseiro de Max.
   -Ela foi vendida pelo próprio reino e pela própria família- Lissa diz, levemente comovida -mas está bem, está sendo treinada e nunca a vi tão determinada em acabar com a vida de Max.
    Isso é bom, pelo menos ela não está morta.
   -Odile está oferecendo abrigo e proteção a ela, assim como Astéria, que está oficialmente do nosso lado- Lissa diz com um sorriso -os guardas de Max mataram Kira por atacar o rei.
   -Ela ficou do nosso lado?- pergunto surpresa.
   -Claro que não, isso foi uma cortesia de Luna, Kira quase arrancou um braço de Max, ele está vivo, mas ela fez um belo estrago, nenhum feitiço irá esconder aquele olho cego dele.
    Lissa tem um sorriso sombrio em seus olhos.
   -E os centros de proteção para as famílias de Sienna? Conseguiram?- pergunta Leon.
   -Amaríles ofereceu um de seus palacetes para o abrigo das famílias de Sienna, nem tivemos que pedir por isso- Lissa se senta em uma das cadeiras da cozinha e coloca seus pés em cima da mesa, sujando os mapas que ficaram no caminho de suas botas sujas.
   -Isso é bom, não é?- pergunto -temos a maioria dos reinos do nosso lado, Max só tem Khione e alguns desertores de outros reinos, temos a vantagem, não temos?
    A esperança ameaça tomar conta de mim, mas eu nem me importo, quero muito poder vencer Max.
   -Isso é um fato- diz  Lissa com um sorriso malicioso em seus lábios e me atrevo a sorrir também, mas o olhar de Leon faz com que eu o feche rapidamente.
    Ele não fala nada, mas eu sinto que ele não se sente esperançoso como nós.
 
                                                                        ⛤⛤⛤ 
 
   -Feliz aniversário- diz Lissa me entregando uma caixinha, eu arqueio minhas sobrancelhas para ela, mas pego mesmo assim.
   -Aniversário?- repito olhando a caixinha preta decorada com uma fita vermelha como sangue.
   -Estamos aqui a mais tempo do que você imagina- Lissa sorri debochando -agora abra.
    Reviro meus olhos mas obedeço, puxo a fita e abro a pequena caixa.
   -O que é isso?- pergunto olhando o colar com um pingente em forma de frasco, como o que Lissa sempre usa pendurado no pescoço.
   -É a joia da minha mãe- Lissa diz enquanto sorri -só que eu a desfiz em pedaços e à derreti.
   -Por que está dando isso para mim?- pergunto confusa, mas sem querer ser rude
   -Você irá ficar no meu lugar quando acordar, então achei justo que você fique com isso, e além do mais, vai me poupar de ter que escolher o que fazer com ela- Lissa se senta ao meu lado da cama, faço uma careta quando vejo seus sapatos sujarem meus lençóis -não consegui escolher o que fazer com ela, esconder, destruir, guardar... então agora é responsabilidade sua.
    Lissa da dois tapinhas em meu ombro e eu reviro os olhos, então isso não é bem um presente.
   -Porque essa Joia é tão importante?- resolvo perguntar, Lissa me olha como se eu fosse uma tapada -tá, eu sei que ela trás pessoas da morte, mas porque ela é tão importante?
    Lissa ri e pega o frasco em suas mãos, acariciando o vidro com os dedos.
   -Minha mãe era uma bruxa- ela começa e eu a encaro, um sorriso irônico ameaçando sair de meus lábios -uma necromante, para ser mais precisa.
    Ela aperta ainda mais o frasco, até que o nó de seus dedos fiquem brancos.
   -A milhares de anos, e quando eu digo milhares são milhares mesmo, ela conduzia um ritual, para se conectar com alguma alma de algum cadáver por aí- Lissa sorri ao dizer isso -quando ela conheceu meu pai, que é um deus. Digamos que eles viviam em uma relação de amor e ódio, meu pai precisava de herdeiros, assim como qualquer deus por ai, precisava de um homem, para ser mais precisa. Minha mãe era apaixonada por ele e ele por ela, e eles finalmente poderiam ter o tão esperado e poderoso filho.
    Ela se remexe um pouco ao meu lado.
   -Minha mãe é uma mulher muito ambiciosa, principalmente naquela época, não queria simplesmente fazer contato com os mortos, queria poder revive-los, meu pai deu isso a ela, uma Joia, quando ele descobriu que ela estava esperando um filho- Lissa me entrega o cordão com o frasco, como se estivesse contaminado -só que ela não estava, estava esperando uma menina.
   -Você- eu concluo
   -É, eu- ela ri -meu pai deixou minha mãe por não ter conseguido gerar um filho homem. Mas, sabe? Minha mãe nunca me amou, por causa dessa coisa toda, mas me ensinou cada feitiço existente, me ensinou que parecer poderosa, me tornava poderosa e eu era a filha primogênita de um deus, eu tinha que ser impecável e mesmo com meu pai tendo muito mais filhos homens, muitos, muitos mais...- Lissa puxa suas pernas e abraça seus joelhos, sorrindo levemente -eu fui atrás de cada um deles, não importava a idade, eu os matava, matei todos os meus irmãos para mostrar aos meus pais que eu era impiedosa e poderosa, eu tinha direito a tudo aquilo... Meu pai me achou e eu esperava que ele ficasse orgulhoso, queria demais, mas ele enfiou uma adaga, uma adaga demoníaca, no meu coração, enquanto olhava nos meus olhos para me ver morrer.
    Tento demonstrar compaixão a Lissa, mas ela revira os olhos e me olha estranho.
   -Teve a bondade de entregar meu corpo sem alma para minha mãe, que passou dias procurando minha alma por todos os lugares, quando ela finalmente me achou, meu corpo estava envenenado, era inútil, então ela me colocou nessa belezura aqui- Lissa se levanta em um salto e da uma volta, mostrando seu belo corpo -fui atrás do meu pai, arranquei seus olhos e cá estamos, sou uma francesa linda e poderosa, rainha do inferno, dona de todas as almas vivas e mortas.
   -Uau- digo debochada
   -E é por isso chérie, que essa joia é tão importante, é um presente de um deus apaixonado para uma bruxa necromante maluca e poderosa.
   -Você tem muito apego aos seus pais, não é?- diz Leon da porta, eu mal percebi quando ele voltara de sua corrida matinal
   -Oui, monsieur- Lissa ri -eles me odeiam, mas eu os odeio mais.
   -E agora eu vou ser a sueca linda e poderosa, rainha do inferno, dona de todas as almas vivas e mortas- digo com um sorriso convencido     
   -Sim chérie, mas não se anime- ela diz saindo pela porta -eu sempre serei uma rainha melhor do que você
    Reviro os olhos e me jogo novamente na cama, Leon se deita ao meu lado, olhando para o frasco.
   -Destrua- ele diz e eu me viro para olha-lo 
   -Porque?- pergunto me deitando de bruços na cama
   -Poderosa demais- ele joga-a para mim -vai atrair gente demais, gente disposta a te matar e matar quem você ama por isso.
    Olha para o presente de Lissa em minhas mãos.
   -Destruir, tem razão- digo 
   -Lissa vai deixar o frasco real junto com o seu corpo, quando voltar, pode destruir- Leon se levanta num pulo e me encara com  um sorriso -temos que treinar agora.
    Reviro meus olhos e me levanto, colocando o frasco novamente na caixinha e deixando-o em minha mesa de cabeceira.
   -Vamos- digo com um sorriso, segurando sua mão, mas Leon me gira no lugar e me sinto levemente tonta antes de encostar seus lábios nos meus, me beijando desesperadamente.
    Enlaço meus dedos em seu pescoço, puxando-o para mim.
    Seus dedos escorregam de meu pescoço e cabelo para minha coluna e sinto minha pele se arrepiar imediatamente.
    Leon morde levemente meu lábio inferior enquanto eu ainda tento retomar o fôlego.
   -Se ganhar hoje- ele sussurra enquanto olha em meus olhos -ganha mais disso...
   -Isso jogo sujo- respondo baixinho, mas com um sorriso em meus lábios.
   -Nós dois sabemos que eu nunca jogo limpo quando o assunto é treinamento- Leon acaricia meu rosto com a ponta de meus dedos, antes de se afastar e andar até a porta, me deixando atordoada com seu beijo inebriante.
    Respiro fundo por alguns segundos antes de andar até ele e caminhas para fora de casa com um sorriso convencido em meus lábios.
   -Tenho certeza disso- respondo indo até as dezenas de bastões de madeira empilhados na parede lateral de minha casa.
    Pego um fino e com mais ou menos minha altura, goro-o no ar e encaro com um sorriso as partes lascadas da madeira feitas pelas lutas ferozes de Leon e eu.
   -Hoje não- diz Leon pegando o bastão de minhas mãos, faço cara feia para ele que ri -Lissa pediu para eu treinar você de um jeito diferente hoje.
   -Diferente como?- pergunto colocando minhas mãos em meus quadris.
   -Diferente desse tipo- Leon olha para o céu cinzento e sigo seu olhar, encarando espantada para os enormes dragões que planavam a quilômetros de altura no céu.
   -O que fazem aqui?- pergunto abrindo um sorriso quando identifico Agluum planando junto com outros gigantescos seres místicos no ar.
   -Lissa me levou até eles a alguns meses atrás, são seres magníficos... cruéis, mas magníficos- Leon volta a me olhar, mas eu continuo olhando maravilhada para o céu -e pelas ordens dela, você tem que criar mais afinidade por eles, então nada melhor do que treinar junto com eles.
   -Leon, você já subiu em alguma dessas coisas?- pergunto com um sorriso travesso nos lábios
   -Não- ele responde simplesmente
   -Bom, eu já- respondo -e é incrível, melhor do que correr. Nada melhor para criar afinidade com esses seres majestosos do que planar no céu junto com eles, não acha?
   -Acredito que sim- responde Leon, confus
   -Se eu conseguir trazê-los aqui- começo, olhando para Leon de forma maliciosa -você vai ter que voar comigo.
   -Trazê-los aqui?
   -Sim, Leon, trazê-los aqui- digo com uma risada -e quando eu fizer isso, você terá que voar comigo.
   -Fechado- Leon responde sem rodeios
    Dou risada de seu jeito descrente.
    Levanto meus braços na direção do céu e conduzo o ar de acordo com minha vontade.
    Apesar da dificuldade de reagrupa-lo estando longe demais, consigo fazer com que as correntes de ar se tornem mais intensas e os tragam Agluum até o chão.
    As enormes asas batem tão forte que mal consigo escutar as risadas de Leon que está ao meu lado, os pinheiros a nossa volta se curvam com tamanha força do vento que elas produzem, tento firmar meus pés no chão com a ajuda de minhas raízes, Leon revira os olhos e cambaleia para trás, então o ajudo a ficar em pé.
    Agluum sibila ao encostar suas enormes garras no chão da floresta ao lado de minha casa.
    Ela se ajoelha, do seu jeito, e posso ouvir suas reclamações em minha cabeça.
    Sorrio para ela e dou passos largos em sua direção, passando meus dedos no couro grosso de sua cabeça áspera e dura como uma pedra.
    Ela cheira a cinzas de um incêndio, seus dentes amarelados e podres tem a mesma altura que eu, suas asas rasgadas em alguns lugares abrem espaço para que eu consiga caminhar até seu pescoço.
    Leon caminha a passos duros atrás de mim, assustado do mesmo jeito que eu fiquei quando a vi pela primeira vez.
    Seguro a mão de Leon e a encosto no couro gelado de Agluum, apesar de assustado Leon sorri e acaricia seu pescoço antes de me ajudar a subir.
    Leon se posiciona atrás de mim, segurando minha cintura.
    Coloco minhas mãos em uma das rachaduras do pescoço do dragão, onde consigo me segurar e não cair, do mesmo jeito que faço com meus pés.
    Agluum rosna alto antes de levantar voo.
    Leon me aperta ainda mais e rio de sua expressão surpresa.
    O ar fica cada vez mais difícil de se respirar a medida que alcançamos o céu.
    Sorrio largamente quando ficamos ainda mais altos do que as nuvens, o céu cinzento se foi e tudo o que vejo são as luzes laranja e amarelo emitidas pelo sol, as goticulas de água das nuvens molham minha calça e meu sapato.
    Agluum plana no ar, rodando sobre as nuvens, enquanto o vento sopra por meus ouvidos e eu gargalho alto.
   -Não incrível!?- grito para Leon que sorri para mim.
   -Um pouco alto demais, não acha?! - grita ele de volta, me fazendo rir ainda mais.
   -É exatamente por isso que é incrível!- grito de volta, soltando minhas pernas e braços de Agluum e me apoiando em Leon, ficando em pé.
   -Para com isso ruiva!- grita Leon segurando minha cintura, eu aperto seus dedos, fazendo com que ele me solte.
   -Tchauzinho!- digo rindo antes de saltar.
    Rio enquanto o ar sopra em meus ouvidos, as batidas de meu coração batendo frenéticamente com a adrenalina de estar caindo a mais de vinte mil pés de altura.
    Abro bem meus braços e aproveito a sensação de leveza e peso que sinto em meu corpo.
    Meu cabelo avermelhado gruda em meu rosto e enquanto chego cada vez mais perto do chão.
    Sinto o desespero vindo de Leon e faço de tudo para que ele sinta todo o meu êxtase.
    Agluum se aproxima ainda mais, em alta velocidade, voando em minha direção como da ultima vez que fizemos isso.
    Faço com que eu perca a velocidade e seguro o pescoço de Agluum e Leon agarra meus braços, me ajudando a sentar novamente em seu longo pescoço.
    Gargalho ainda mais enquanto vejo um Leon pálido em minha frente.
    O dragão volta a subir quando estamos a alguns metros do chão.
   -Ficou maluca?!- gritou Leon
   -Sim!- grito de volta, apoiando meus pés no couro de Agluum.
   -Não me mate mais assim!- Leon diz, mas está rindo também.
    Abraço Leon e continuamos a planar pelas nuvens.
 
                                                                                   
     
                 
                
                               
        

 

 

    

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