Lua de Sangue- Vigésimo Primeiro Capítulo

                    

                          

  -Max!- grito correndo até ele -Max! Se fizer isso, só saíra daqui morto!

    Ele se vira e me encara.

   -Saia  do meu caminho, Marie- esbraveja ele

    Max estava carregando Sabine em seus braços, desacordada. Eu os encontrei no meio da floresta, assim que Leon e Luna disseram que não encontravam a princesa.

    Claro que ela só poderia ter sido raptada pelo meu querido irmão...

   -Maximus!- grito e ele volta a me olhar -solte-a!

   -Não, preciso dela- diz ele -você não entende Marie?! Só assim poderei trazer nossa mãe de volta!

   -Seu cabeça de vento! O que você acha que nossa mãe irá pensar quando ela voltar? Quando ela souber o que você fez!?

   -Eu não ligo para o que ela irá pensar, só preciso traze-la para você! Me perdoe Marie, mas eu vou fazer isso, não importa o que eu tenha que fazer- ele solta Sabine e vem até mim, abraçando-me -e além disso... eu não estarei mais aqui, é preciso um sacrifício de alguém do mesmo sangue que ela...Eu serei o sacrifício!

     Parece que acertaram um soco em meu rosto, não consigo nem pensar em como será minha vida sem Max.   

    Quando minha língua e meu corpo voltam a me obedecer, vou para cima de Max, empurrando seu peito.

   -Seu. Idiota!- digo dando socos em seu peito -Você. Acha. Que. Eu. Aceitaria isso?!

   -Você ficou devastada quando a mamãe morreu, você a quer de volta não é?

   -Você é burro Max? Acha que eu iria querer nossa mãe de volta sabendo que perderia você? Não posso te perder... Max, por favor... pare com isso!     

   -Preciso leva-la...- murmura ele depositando um beijo em minha testa -eu a amo, Marie... Preciso dela comigo e... Argh!- uma flecha passa pelo peito de Max, olho de onde ela veio e vejo Leon, Aaron e Luna.

   -Pegue ela!- ordeno a Leon

   -Não!- grita Max correndo até o lobo, acertando-o com um soco 

   Leon cambaleia para trás e eu seguro Max com um feitiço.

   -Solte-me Marie!

   -Não- digo apenas e então penso em um jeito de faze-lo desistir.

    Desde pequenos eu e Max gostamos de desafios, fazíamos acordos do tipo: quem acertar o alvo primeiro fica com o pedaço maior de carne ou quem roubasse primeiro o arco do papai poderia escolher a espada que quisesse em nossos treinos...

    Então seria esse o jeito.

   -Se me vencer- começo e Max me encara -pode levar a princesa.

    Max faz uma careta.

   -Esta com medo, Max?- provoco com uma risada debochada -acha que não pode me vencer?

    Ele ri e concorda com a cabeça, então eu o solto.

   -Esperta como sempre irmã, mas devo lhe avisar- ele vem lentamente até mim -que eu sou tão  forte quanto você e faz muito tempo que não lutamos... pode ter certeza que eu vencerei, e então levarei Sabine comigo...

   -Você fala demais- digo -agora acorde a princesa

   -Claro- diz sorrindo -tome, deixe ela cheirar isso.

   Ele entrega um maço de folhas de cicuta para Aaron.

    Logo ele obedece e Sabine suspira e acorda.

   -O-o que...- começa ela e Leon vai ao seu encontro fazendo Max rosnar

   -Tome- digo jogando uma espada para Max que a pega com habilidade -pronto?

   -O que está acontecendo?- pergunta Sabine, mas eu ignoro. 

    Começo a atacar Max, lentamente, usando pouca técnica.

    Ele desvia de meus golpes facilmente e me ataca e então o deixo me acertar, cortando meu ombro.

    Max sorri diabolicamente para mim e eu apenas dou um sorrisinho de canto.

    O ataco com toda a minha força e velocidade, Max se assusta e tenta se defender então me abaixo e pego um punhado de terra em minha mão e logo me levanto encarando Max.

    Me afasto de meu irmão para deixa-lo respirar, ele me olha feio e eu sorrio.  

    Ele tenta me atacar novamente, então jogo a terra que estava em minhas mãos fazendo-o tossir, então chuto sua barriga e ele cai.

   -Golpe sujo- diz ele limpando seu rosto -isso não é uma luta muito justa...

   -Ele está lutando com uma lendária...- sussurra Luna -ele queria mesmo que a luta fosse justa?

    Sorrio de seu comentário. 

   -Eu não nunca disse que seria justa- digo -agora levante-se!

    Ele se levanta com um pulo e volta a me atacar.

    De algum modo ele consegue tirar a espada de minha mão e eu o encaro surpresa, com certeza ele está mais forte, mais rápido e com uma ótima técnica.

    Ele me agarra e coloca uma das espadas em meu pescoço.

   -Venci- diz ele em meu ouvido, vejo todos me olharem assustados.

   -Acha mesmo que acabou?- digo passando um de meus braços pelo buraco que havia entre meu pescoço, a espada e o braço de Max, impedindo que ele corte minha garganta. 

    Seguro o pescoço de Max e enfio minhas unhas em sua pele, fazendo-o gemer de dor e largar a espada que estava em sua mão.

    Ela cai no chão mas eu apenas ignoro. Irei lutar com minhas mãos.

    Ele transfere golpes com sua espada na direção do meu abdômen. 

    Eu desvio facilmente de todos.   

    Agora é minha vez de atacar!

    Dou socos em Max, pego a espada que estava em sua mão e a jogo para o mais longe possível.

    Acerto seu rosto e o chuto em direção de uma árvore, quando ele se choca contra ela eu aperto sua garganta até que seus olhos saltem de suas órbitas.     

   -É só pedir pra parar, que eu paro- digo e ele nega com a cabeça -não seja teimoso, Max! Peça!

    Ele enfim cede e então o largo.

   -Eu venci- digo -agora vamos embora!

    Vou na direção dos outros, mas sinto algo rasgando minhas costas, entre minhas costelas, uma flecha.

   -Eu fico com  a princesa- diz Max -acha que eu iria mesmo vir sozinho? Sabendo que vocês viriam atrás de mim? Existem mais pessoas que querem Milles morto...

    Vejo pessoas vindo ao longe, era cinco no total.

   -Deixe-me apresenta-los- diz Max enquanto eu tentava tirar desesperadamente tirar a flecha de minhas costas. -Anika e Tobias dois jovens Lobisomens, trabalhavam pra Milles até eu acha-los e oferecer liberdade aos dois...Alistair e Kira, são dois bruxos muito habilidosos... e por fim, a bela Maia... ela é um belo anjo, não é?

   -Me solta!- grita Sabine quando Tobias a agarra.

    Por favor não me obriguem a usar magia, não me abriguem a usar magia...

   -Solte ela- diz Max olhando severamente para Tobias -não ouse toca-la novamente!   

   -Claro- diz o Lobisomem se afastando de Sabine.

   -Max!- grito -tire essa droga de flecha de mim!

   -Sinto muito Marie- diz se distanciando -até mais irmã.

   -Não, Max, por favor!- grita Sabine tentando se livrar das garras do meu irmão 

   -Não ouse colocar um dedo sequer nela- esbraveja Leon

   -Quieto, cachorro!- ordena Max

   -Olhe como fala- diz Anika encarando Max com raiva 

   -Desculpe-me- diz ele piscando para ela

    Ok...um grupo instável, isso é bom.

    Ela apensa revira os olhos.

   -Vamos- diz ele se aproximando de Sabine que luta inutilmente tentando se soltar -agora!

    Eles correm para longe, levando os outros.

   Merda! penso.

    Serei obrigada a usar magia .

    Respiro fundo e falo um feitiço devagar, esperando que funcionasse.

    Fazem anos desde a última vez que fiz algum destes feitiços complexos, bom, desde que meu pai morreu.

    Mas isso não é hora para um monólogo.

   Concentro-me na flecha que estava cravada entre minhas costelas, quase parando em meu pulmão.

    Quase tão rápido quanto ela me atingiu, a flecha sai de minhas costas e voa para longe de mim.

    Me levanto e assim que iria correr atrás de Sabine e os outros, ouço o grasnar de um corvo, o que me faz parar. 

    Uma das vantagens em ser parte bruxa, é que eu posso saber exatamente o que não é natural, o que é especialmente ligado a magia. E aquele corvo que grasnava no alto de uma árvore, com certeza era um transmorfo, mais especificamente, era uma jovem que vivia dentro de um biblioteca que deveria ser apenas uma lenda.

    Ela dizia para que eu apenas cuidasse de Leon, Luna e Aaron, pois Lissa estava atrás de Max e seus seguidores.

    Como eu sei disso, bom outra de minhas habilidades como bruxa.

    Afirmo com a cabeça para o pássaro e começo a farejar meus companheiros.

    Corro até seu cheiro e paro alguns metros de distância dos mesmos, faço um feitiço para que eles não pudessem me ouvir ou sentir meu cheiro e subo em uma árvore, onde eu teria uma ótima visão de meus inimigos.

    Puxo o ar em meus pulmões tentando sentir qualquer resquício do cheiro de Lissa.

    Nada.

    Reviro os olhos e penso em como descer lá e acabar com todos.

    Eu sei que sou uma Lendária, mas isso não significa nada para mim.

    Sou fraca e inexperiente comparado aos outros Lendários.

    Mesmo sendo uma mestiça.

    Marcus havia me instruído desde meus sete anos, quando minha mãe e eu voltamos para o Mundo Sobrenatural assim que meu pai morreu.

    O mundo humano não era um lugar seguro para pessoas como eu, uma bruxa.

    O pai de Max treinou-me para ser a melhor. 

    Ele me ensinava métodos de tortura e como passar por eles sem sentir dor, me ensinava a lutar e a matar sem nem precisar de qualquer arma. Somente com as mãos.

    Marcus ajudava-me a tentar controlar meus poderes, já que eu era extremamente poderosa e não sabia o que fazer com tanto poder.

    Ele queria que eu praticasse magia, mas eu sempre me recusava.

    As únicas coisas que eu realmente sei sobre como usar os meus poderes eu aprendi com meu pai.

    Sempre fui um pouco descontrolada nesse quesito. Eu era uma bomba relógio.

    E isso piorou depois que eu vi meu pai queimar, literalmente.

    Ele era um amante dos humanos, uma amante da paz, ele queria provar que humanos e seres sobrenaturais poderiam enfim conviver juntos, esse era um dos motivos para morarmos no mundo dos humanos.

    Nós morávamos em um país chamado Escócia, nos anos de 1545, um péssimo ano para bruxos morarem nesse lugar. Mais de quatro mil bruxas foram executadas, mas é claro que menos da metade eram realmente filhas da trevas, muitos eram humanos.

   Meu pai foi acusado de bruxaria, sentenciado e executado.

    Eles enfiaram parafusos e trituraram os ossos das mãos de meu pai, e arrancaram sua língua quando ele finalmente admitiu ser um bruxo. Logo depois disso eles o queimaram vivo.

    Minha mãe e eu voltamos para o Mundo Sobrenatural, ela tinha medo de que eles viessem atrás de mim, querendo executar-me junto de meu pai. 

    O que seria justo, já que eu matei metade de nosso vilarejo com um de meus surtos de poder.   

    E é claro que eles não chegariam perto de mim, já minha mãe era uma vampira forte, habilidosa e com instintos naturais homicidas de uma fêmea que protege sua prole.

    Então nós enfim fugimos.

    Ela conheceu Marcus, e foi como uma atração quase que instantânea, como laços de companheiros. Ele nos deu abrigo, roupas e comida. Ajudou-me a ser a guerreira que hoje eu sou.

    Mas, quando meu pai morreu, quando eu o vi agonizar no fogo e ver o estrago que eu poderia fazer com meus poderes, eu decidi não usar mais magia. 

    E cá estou eu, em cima de uma árvore, pensando em qual belo feitiço eu usarei para desnortear meus inimigos.

    As coisas mudam, é o que dizem.

    Puxo o ar novamente, na esperança de sentir o cheiro de morte de Lissa.

    Abro meus olhos e olho para baixo, pude sentir não somente seu cheiro, mas sua presença esmagadora, ela estava chegando.

    Talvez eu gostasse dessa garota.

    Pulo de cima da árvore e caio elegantemente no chão.

    Olho para os dois lados e depois corro na direção deles. 

    Lissa estava vindo, então eu somente precisava soltar Leon e os outros e esperar que Lissa chegasse e matasse todo o resto, caso eu não o fizesse.

    Observo bem meus inimigos. 

    O bruta montes, Tobias, tomava conta de Leon que rosnava para seu "carcereiro" enquanto estava de joelhos no chão e suas mãos amarradas.

    Anika, a loba desequilibrada, estava deitada preguiçosamente no chão com os olhos fechados, parecendo dormir, mas com certeza estava bem atenta a movimentos suspeitos. 

    Kira, a bruxa gótica, estava com suas mãos na cabeça de Luna,  com seus olhos fechados dizendo um feitiço que eu conhecia muito bem, para impedir que a sereia usasse seus dons psíquicos em outras pessoas.  

    Alistair, o magrelo azedo, estava distraído com seu arco, acertando flechas nas folhas de uma árvore que não estava muito ao longe.

    Maia, a anjinha, que na minha opinião, não parecia ser má... estava sentada no chão junto de Aaron, que estava com sua mãos amarradas, conversando.

    Aaron sempre me surpreendia em como ele consegue ser sociável com seus inimigos, mas por baixo de suas conversas descontraídas, estava um interrogatório perfeitamente escondido.

    Max estava perto de Sabine, que estava desmaiada  e encostada ao pé de uma árvore, aparentemente xingando quem quer que fosse.

    E antes que você me pergunte, sim. Eu apelido aqueles que eu pretendo destruir.

    Mas a verdadeira pergunta que você deveria fazer, seria o porquê deles estarem parados, e não seguindo em direção a seu esconderijo.

    Na verdade, eu não me importo. Eu só preciso distrai-los até Lissa chegar.

    Assovio para obter a atenção dos seguidores de Max, que se viram em minha direção, alguns com os olhos arregalados, outros com um sorriso diabólico nos lábios, provavelmente pensando em qual seria a maneira mais dolorosa de me matar, mesmo sabendo que Max não os deixariam fazer qualquer tipo de mal a mim, a não ser retardar meus sentidos para eles enfim fugirem.

   -Oi, Max- digo com um sorriso nos lábios.

   -Marie- ele me cumprimenta com a cara fechada -como você...

   -Conseguiu tirar aquela flecha de madeira que poderia ter me matado caso seu atirador não tivesse cometido um erro de calculo e errado o alvo?- digo me aproximando -ah, eu dei o meu jeito...

   -Nem tente me impedir- diz ele 

   -Vai fazer o que, Maximus?- digo usando seu nome inteiro, ele odeia quando eu faço isso e sorrio ao me lembrar deste fato -me matar? Ou tentar de alguma forma me parar?Ou melhor! Me vencer em uma luta? Eu, uma Lendária?

    Quando termino minhas perguntas teatrais, vejo os sorrisos dos rostos dos companheiros de Max sumirem.

   -Eles não sabiam?- pergunto sorrindo -não sabiam que eu sou um dos seres mais poderosos do Mundo Sobrenatural? Que feio, Max! Mentindo para seus próprios seguidores, aqueles você deveria proteger e  que deveriam confiar em você! Mas ao invés disso, você os trás para a morte certa... estou decepcionada, irmão.

   -Você é fraca, Marie Anne- diz e eu torço o nariz em forma de reprovação -Não pode vencer todos nós sozinha, e não poderei para-los caso queiram te matar, então eu peço, por favor, que vá embora... Não quero vê-la ferida...

   -Menos, Max- digo rolando os olhos e então me dirijo para cada um de seus seguidores -querem mesmo matar uma Lendária? Para depois os outros virem atrás de vocês? Sabem o que acontece quando se mata um de nós, o pagamento é a morte, a sua morte! Então pensem bem antes de pensarem em me matar.

   -Não precisamos matar- diz a loba desequilibrada -só precisamos faze-la sofrer, talvez quebrar alguns ossos...

   -Tente- digo irritada com ela -verá o que acontecerá com você

    Ela apenas ri e depois vem para cima de mim.

    Quando sua garras estavam a centímetros de meu rosto, eu a agarro pelo pescoço e a derrubo no chão, prensando seu pescoço contra a terra com minha mão direita.

   -Tem certeza que quer continuar?- pergunto

    Ela arregala mais seus olhos e  tenta negar com a cabeça.  

   -Ótimo- digo soltando-a que respira fundo retomando o ar, ainda deitada no chão -levante-se- digo estendendo a mão para ajuda-la a se levantar, ela recua quando chego perto demais e depois aceita e se levanta.

   -Alguém mais pensa igual a ela?- pergunto apontando para Anika -por que caso a resposta for sim, pode vir, estou esperando.

    Vejo eles se entreolharem e logo depois baixarem o olhar para o chão.

   -Que bom- digo sorrindo -agora Max, solte todos por favor

   -Não- diz como uma criança birrenta e eu reviro os olhos 

   -Que seja então- digo correndo em minha velocidade sobrenatural até Leon e Luna, soltando-os e empurrando a bruxinha para longe de Luna -você vem, Aaron?

   -Claro- diz soltando suas mãos magicamente

   -Por que não se soltou antes?- pergunta Maia para Aaron que se levantava.

   -Hm- ele da de ombros.

   -As vezes sinto vontade de mata-lo- digo a Aaron que sorri 

   -Eu também te amo, Marie Anne- diz ele e eu reviro os olhos

   -Vamos- digo a eles

   -Mas e Sabine?- pergunta Leon entre dentes.

   -Deixa-a -digo e ele me olha indignado 

   -Não!- diz com raiva -vamos leva-la!

   -Leon- digo segurando seu braço -vamos! Deixe-a com Max- digo tentando dizer a ele que tinha alguém vindo salva-la sem dar muito na cara, Leon parece entender e afirma com a cabeça.

   -Hm- diz Max -quem está vindo?

    Merda.

    Sempre esqueço dos dons de Max, mesmo que ele não consiga ler os meus pensamentos, sempre esqueço daqueles a minha volta.

   -Ninguém- digo -mas vamos voltar, e buscaremos a princesa.

    Max sorri e afirma com a cabeça.

   -Vamos!- ordeno novamente.

    Caminhamos em silencio por algum tempo quando Luna resolve falar:

   -Precisamos voltar- diz 

   -Não- digo sem olha-la 

   -Você não entende!- quase grita ela -ele está dentro da cabeça dela! Eu vi!

    Paro de andar e a encaro.

   -Você viu?- pergunto boquiaberta 

   -Sim- ela afirma com a cabeça

   -Como? - digo -Como conseguiu entrar na cabeça dele?! Finalmente conseguimos, é isso?!

   -Sim, eu entrei- diz ela com um sorriso vitorioso nos lábios -o controle dele está fraco, então agora posso entrar na mente dele, posso ler seus pensamentos e creio que poderei controla-lo se chegar bem perto dele...

   -Não vamos nos precipitar- digo -só pelo fato de você ter conseguido entrar na cabeça dele já um avanço, uma  vitória.

    Luna sorri orgulhosa e afirma com a cabeça.

   -Como conseguiu fazer isso com aquela bruxa na sua cabeça?- pergunta Leon

   -Você acha mesmo que aquela bruxa conseguiria mesmo me  impedir? Eu estava na mente dela. Você é um tolo, Leon- diz ela sorrindo

   -Você é incrível!- diz Aaron, mas Luna o afasta fazendo-o piscar algumas vezes sem entender.  

   -Precisamos voltar, Marie- diz ela em tom de suplica -ele está fazendo coisas horríveis a ela! Matando-a repetidamente, precisamos acorda-la!

    Penso um pouco e não estou confortável em ter que encarar meu irmão, mas ela tem razão, precisamos voltar e salvar a princesa.

   -Rápido!- digo correndo na direção oposta 

    

                                                                          ⛤⛤⛤  

 

   -O que vamos fazer?- pergunta Luna

   -Primeiro preciso disfarçar o cheiro de vocês- digo sentando no chão -depois atacaremos.

   -Ótimo- diz Luna sentando-se ao meu lado

    Respiro fundo e digo o feitiço baixinho, inaudível até para meus ouvidos. Antes de completa-lo pego um punhado de terra, folhas e flores em minhas mãos.

   -Para que é isso?- pergunta Luna curiosa.

   -O cheiro disso vai disfarçar o nosso- digo apertando tudo em minhas mãos e logo tudo queima com uma chama azul que produzo com elas -assim poderemos andar pela floresta sem nenhum deles sentir nosso cheiro.

   -Ah- murmura Luna -já acabou?

   -Já- digo me levantando -precisamos ir, antes que o rastro deles desapareça.

   -Max seria tão burro assim de deixar o cheiro deles amostra?- pergunta Leon -ele mandaria algum daqueles bruxos fazerem um feitiço semelhante a esse não é? Para confundir seu cheiro?

   -Eles fizeram- digo me abaixando para não dar de cara com um galho de árvore -mas eu ainda posso sentir o cheiro de Max. Ele quase tem o mesmo cheiro que eu.

    Olho para eles que fazem cara de interrogação.

   -Esqueçam, apenas concentrem-se em como chegaremos e atacaremos.- digo e puxo o ar tentando sentir o cheiro de Max -Leon fica encarregado de cuidar de Tobia e Anika.

    Ele afirma com a cabeça .

   -Luna, tente chegar em Max e tente confundi-lo, tire-o do ar- olho para ela que está sorrindo.

   -Será um prazer- diz ela com um sorriso diabólico nos lábios, era raro ver a Luna agressiva, a Luna assassina. Ela somente aparece quando alguém tenta machucar aqueles que ela ama e, cara, não é nada bonito.

   -Aaron, cuide do bruxo

   -Sim- diz ele 

   -Esperem- digo parando -o cheiro está ficando mais forte...

   -O que faremos com a outra bruxa e com o anjo?- pergunta Leon baixinho

   -Eu cuido deles- digo com um pequeno sorriso

   -Mas e Sabine?- pergunta Luna preocupada

   -Lissa está vindo, ela cuidará de Max quando chegar e assim poderemos levar a princesa em segurança, nosso trabalho é apenas retarda-los, mas se quiserem matar- digo -não irei impedir.  

   -Veremos o que acontece- diz Leon com um sorriso.

   -Por que não os levamos para o palácio?- pergunta Luna e todos olhamos para ela sem entender

   -Por que?!- digo   

   -Precisamos de aliados fortes, Marie- diz ela revirando os olhos -e nesse exato momento, todos nós queremos Milles fora, então por que não nos juntamos?

   -Nesse exato momento estamos tentando salvar Sabine de Max- corrige Leon 

   -Que também quer Milles fora- diz como se fosse óbvio

   -Se Max voltar para o palácio eu arranco a cabeça dele- diz Leon 

   -Tá, esqueça o Max!- diz ela com impaciência -queremos apenas os outros.       

   -Se não o matarmos e eles se recusarem a ficar do lado de Max, eles poderão vir conosco- digo e Leon solta uma risada sem humor, eu apenas o ignoro, mesmo que eu odeie admitir Luna está certa,precisamos mesmo de aliados, pessoas boas para lutar .

   -Sentirão esse cheiro?- pergunta Leon

   -Sim- sussurro, não podia somente sentir o cheiro, podia sentir aquela energia esmagadora -é o cheiro de Lissa.

   -A tarada?- pergunta Luna arqueando a sobrancelha

   -Sim- digo tentando segurar uma risada -parece que ela está seguindo Max também

   -Por que ela não atacou?- pergunta Aaron

   -Deve estar esperando por nós- digo olhando para o alto e percebendo o corvo novamente -vá para casa, Raven!

    O corvo grasna em resposta, ela não iria a lugar nenhum.

   -Lissa está seguindo Max?- pergunto. Sim. É a resposta.

   -É a Raven?- pergunta Luna boquiaberta

   -É sim- digo

   -M-mas...- tenta dizer ela, mas para.

   -Ela atacou?- pergunto ao pássaro

    Não.

   -Eles a viram?- pergunto

    Não.

   -Eles estão longe?- é a vez de Leon perguntar

   -Não- digo a resposta do corvo -estão a alguns metros ao sul. Estamos na direção certa.

   -Vá para casa, Raven!- diz Luna para a ave- nos vemos lá! Se ficar você pode se machucar...

    O corvo grasna mais alto e Luna se cala. Ela não irá a lugar nenhum.   

   -Fique longe de problema!- ordeno ao pássaro e volto a correr para o sul.

    Busco o cheiro de Lissa enquanto corria.

    Era quase insuportável!  

    Era como se sua energia adentrasse em meus ossos e os quebrassem de dentro para fora, ela era realmente muito poderosa.

    As vezes eu odiava ser uma energi.

    Odiaria o fato de ter que matar para me alimentar, e também não gostaria de me alimentar das emoções de outros seres, sentimentos para mim são uma coisa completamente íntima e pensar em me alimentar de algo importante para outra pessoa me incomodaria,  mas ter que me alimentar da energia de um ser muito poderoso era doloroso, mesmo que isso me deixasse muito mais forte. Esse era o método de defesa mais eficiente de um ser poderoso como Lissa, a energia que ela emanava faria qualquer ser sair correndo, agonizado de dor e é claro que tudo piora quando você é uma energi, mas eu estava firme graças aquilo que Marcus me ensinou.

    Acho todos nós temos problemas na hora de nos alimentarmos... A dor em meus ossos só pioravam a cada passo que eu dava, eu estava chegando perto.

   -Bu!- diz a garota de cabelos vermelhos que estava de cabeça para baixo, pendurada em um galho -finalmete, Marie! Achei que não chegariam nunca!

   -Lissa- digo adivinhando e olhando para cima

   -Primeira e única- diz ela descendo -ou não... Mas isso não importa! Desculpe pela minha energia devastadora...está melhor?

   -Sim- digo, ela havia feito um bloqueio, impedindo que sua energia chegasse em mim de forma muito agressiva  -obrigada.

   -Não há de que, mon amour - diz sorrindo -agora vamos!

   -Por onde?- pergunta Luna

   -À droite - diz Lissa 

   -Como?- pergunta Luna confusa

   -A direita- explico e Lissa me olha com um sorriso -je parle un petit peu de français...

   -Très bien!- diz Lissa animada

   -Merci - digo orgulhosa

   -Vocês poderiam voltar a falar em meu idioma?- diz Leon irritado -por favor?

   -Oui - digo fazendo-o revirar os olhos

   -Eles não estão longe- diz Lissa andando 

   -Sinto a energia deles- digo

   -Agora não é hora para lanches, mademoiselle- diz Lissa rindo e eu reviro os olhos.

   -É assim que Marie encontra as pessoas, pela a energia- diz Aaron e eu sorrio para ele 

   -Parem!- murmura Lissa - ali...- ela aponta para Max e seus seguidores

   -Preparados?- pergunto aos três que afirmam com a cabeça -ótimo!

    Sinto minha energia se ampliar e começo a me sentir mais poderosa que nunca, sinto minha magia ficar mais forte. Eu me sinto mais forte.

    Aaron pega seu arco e Leon rosna para nossos inimigos, Luna apenas sorri  e encara Max, que estava levando Sabine em seus braços ainda desacordada.  

   -Hora da diversão...- diz Lissa sorrindo diabolicamente

   -Seguiremos o plano?- murmura Leon

   -Esqueçam o plano- digo -peguem quem conseguir, mas não matem! Pelo menos tentem...

   -Isso vai ser muito bom- diz Leon sorrindo

   -Com certeza- diz Lissa

   -Estamos prontos- digo a ela que assente com a cabeça

   -Vamos, então...- sussurra Lissa

    Aaron sobe em uma das árvores para ter uma mira melhor e assim também teremos o elemento surpresa.    

    Eu e Lissa corremos o mais rápido possível  e alcançamos Maia e Tobias que estavam para trás , os derrubamos rapidamente e seguimos para os outros, que se preparavam para lutar.

    Eu estava pensando em paralisa-los com magia, mas que graça haveria nisso? 

    Os derrubaria com minhas próprias mãos.

    Anika começava a vir para cima de nós, quando Leon em sua forma lupina  a agarra com os dentes, derrubando-a no chão. 

    Luna corre na direção de Max e Sabine, ela não sabia lutar, mas era tão rápida quanto qualquer um aqui presente.

     Aaron atirava flechas, limpando o caminho para Luna que se aproximava cada vez mais de Max.

   -Ei!- grita a bruxa chamando minha atenção sorrindo -cuidado com a cabeça! 

    Nesse momento parece que todas as pedras que estavam no chão voavam em minha direção.

    Desvio delas com dificuldade e penso em algum feitiço simples para bloqueá-las, mas nada me vem em mente. 

    Corro para perto de uma árvore e tento subir, mas algo segura minha perna.

   -Aonde vai?- pergunta o bruxo loiro sorrindo

   -Te fazer de escudo- digo soltando-me do tronco e pulando em cima dele que se desiquilibra e cai, me levanto e o seguro com minhas unhas. Fazendo que ele me servisse de escudo contra aquelas pedras.

   Ele se debate mas não consegue se soltar de mim, eu literalmente grudei minhas unhas a sua pele, posso não me lembrar de nenhum feitiço para fazer com que aquelas pedras parem, mas um feitiço de fusão eu sei executar como ninguém.    

   -Faça parar!- digo a Kira - ou faço seu amigo sofrer!

   -Eu vou te matar sua va...- começou ela, mas Lissa quebra sua pescoço fazendo que as pedras parassem.

   -Que demora- digo soltando Alistair que corre até Kira

   -Estava ocupada- diz sorrindo e eu rio de seu comentário.

   -Ela morreu?- pergunto apontando para a bruxa

   -Não, ainda esta viva, quer dizer, ela vai voltar.

   -Cuide dele!-  grito já correndo para perto de Luna que tentava chegar mais perto de Max.

    Ele não corria em sua velocidade sobrenatural, então Luna conseguiria chegar até ele.

   -Max!- grito tentando chamar sua atenção, não queria correr em velocidade sobrenatural, isso me deixaria fraca, mais do que usar magia.

    Merda merda merda. 

   -Aaron!- grito -mire nele!

   -Ele não vai acertar- diz Luna ainda correndo -tem que para-lo, Marie...

   -Droga- sussurro, mas começo a pronunciar um feitiço que faria com que Max ficasse paralisado por alguns instantes.  

    Logo Max começa a ficar mais lento e enfim para.

    Luna pula em suas costas e eu pego Sabine, sem encarar Max nos olhos e posiciona sua mãos nas têmporas de Max e fica quieta por alguns instantes.

    Ela estava na mente dele.

   -Vamos!- diz ela se soltando dele e correndo na direção dos outros -isso vai nos dar algum tempo.  

   -Lissa- grito -vamos!

   -E eles?- ela pergunta apontando para os companheiros de Max- matamos? 

   -Não!- digo -quem ainda vai querer lutar contra nós?- pergunto para eles- saibam que se ficarem contra nós e nos atacarem de novo, morrerão!   

   -Respondam rápido, antes que eu perca a paciência e seu amigo acorde do transe- ameaça Lissa

   -Vá para o inferno- diz Kira, já acordada

   -Chérie, eu sou a rainha de lá- diz Lissa sorrindo para a bruxa que a olha surpresa -vai querer ir com a gente, ou não?  

   -Nós vamos- diz Alistair

   -Nós?- diz Kira com deboche -fale por você!

   -Eu vou sozinho então- diz o bruxo olhando para Lissa

   -Não está falando sério!- quase grita Kira -não pode me deixar, não podemos nos separar!

   -Quem quer se separar não sou eu- diz ele -se quiser vir, ficarei feliz, mas se não, eu não ficarei do lado perdedor só por sua causa, não fugi de Milles para morrer logo depois. E Max irá querer ir atrás da princesa novamente quando voltar ao normal, e  eu não vou morrer por causa de um maluco possessivo!

   -Mas...

    O bruxo apenas a ignora e se levanta ficando mais perto de nós.

   -Eu ainda mato você- resmunga ela antes de se levantar e ir para seu lado e entrelaça suas mãos -juntos sempre, esqueceu? 

   -Eu te amo- sussurra ele dando um beijo em sua mão

   -Acho que eu vou vomitar um arco íris aqui- resmunga Lissa

   -Sai da frente- resmunga Tobia para Leon que rosna -eu concordo com Alistair, não posso confiar naquele chupa sangue, ele com toda certeza é maluco...

   -Não - diz Anika com uma voz fora do comum, ela com certeza era uma alfa, e Tobia se encolhe um pouco, mas ainda se mantém firme -você ficará conosco!

   -Não- retruca Tobias -você não é minha alfa, então esqueça, eu não vou ficar com vocês 

   -Se arrependerá disso- ameaça a loba -mas faça como quiser, se tiver sorte, eu mesma o matarei, mas caso seja Max, você estará perdido, não se esqueça que prometeu lealdade a ele.

   -Quem fez isso foi você, não eu- cospe ele -então o problema é seu

   -Vamos logo!- quase grita Luna -não posso segura-lo por muito mais tempo!

   -Vamos levá-lo junto- diz Lissa

   -Como é?- pergunto -ficou doida?

   -Não, mon amour- diz ela sorrindo -assim saberemos que ele não atacará de novo, por que sabe, eu não estava pensando em deixa-lo saltitando livre pelo palácio, pensava mesmo em colocar meus métodos de tortura em dia... talvez inovar um pouco...

   -Se encostar um dedo no meu irmão, você estará perdida- ameaço

   -Estou brincando, chérie   

   -Então parece que todos iremos ao palácio- digo sem animação 

   -O grandão!- Lissa chama Tobias -pode levar o chupa sangue, por mim? 

    Ele assente com a cabeça e vai até Max, logo trazendo-o.

   -Obrigada- diz Lissa angelicalmente

    Leon tenta segurar Anika mas a mesma lhe da um chute  em suas pernas.

   -Se encostar em mim, eu arranco os seus olhos- diz ela

   -Ótimo!- diz Lissa- então será na marra!

    Ela roda os dedos no ar e logo ela controla a loba que rosna.

   -Vamos- digo andando em direção do palácio.

    Leon pega Sabine em seus braços e começa a me seguir.

    Fico reparando o jeito que ele a olhava... com adoração.

    Ele realmente a ama. 

    E por isso, eu não deixarei meu irmão intervir na relação da princesa. Nem que eu tenha que trata-lo como o pior prisioneiro de Sienna.

                                                                            ⛤