Lua de Sangue - Vigésimo Nono Capítulo

-Não está tarde para a princesa andar por aí?- diz Max encostado em uma das diversas árvores, meus ouvidos ainda zumbiam agora que estávamos novamente ao Mundo Sobrenatural
Leon fica em minha frente de forma protetora, Max parece não se importar e vem em minha direção.
-Não vou machuca-la, caso seja isso que você esteja pensando- diz ele calmamente -só quero saber se ela está bem
-Qual o motivo dessa sua preocupação repentina comigo, Max?- pergunto tirando Leon da minha frente
-Agora você não tem ninguém que a proteja de Milles- diz -não me tem mais junto a ele para dizer que eu preciso de você viva, não está segura.
-Sim, ela está- diz Leon
-Ah, claro- diz Max com uma risada -vocês vão proteger ela
-Qual é a graça Maximus?- pergunta Lissa encarando-o com um sorriso esquisito no rosto
-Não se meta- diz ele a ela -você sabe muito bem que estou certo, você mais do que ninguém sabe que não se pode confiar em ninguém com Milles querendo te matar, se ele consegui capturar até você, Sabine será uma presa fácil.
Por um minuto eu penso ter visto Lissa ruborizar, ela fecha a cara e caminha com passos duros até Max.
-Qual o seu plano gênio?- diz secamente -não finja que se importe com ela, porque você não se importa com ninguém a não ser com você mesmo e sua irmã, não finja que você está aqui para "proteger" ela, você quer a minha Joia para poder consertar seus erros de séculos atrás...
-Não diga que eu não me importo com ela- diz Max, sua voz agora menos controlada -por quê você acha que ela ainda está respirando? Por quê você acha que Milles não a matou quando ela ainda estava nas fraldas? Por que EU a protegi por esses anos todos, era eu que cuidava dela, não você ou esse cão sarnento! EU CUIDEI DELA A VIDA TODA!
Dou um passo para trás com os gritos de Max, eu o olhava incrédula. Como ele pode achar que cuidou de mim? Ele me usava descaradamente, era obcecado por mim.
Max parece perceber que estava gritando, então balançou a cabeça negativamente, respirando fundo.
-Milles vai caçar você por onde você for- diz ele -tinha ao menos quatro peões dele seguindo vocês no mundo humano.
-Eu sentiria de isso fosse verdade- diz Lissa
-Claro, por que você sabe de tudo- debocha Max
-Vai embora Max- diz Luna
-Não- diz ele -o que Lissa diz é verdade, eu quero a Joia para consertar as coisas que eu fiz no passado, mas não quero que Milles tenha o que ele quer, não quero que você morra pelas mão dele, Sabine, não quero mesmo, você é importante demais pra mim para eu permitir isso.
-Se eu fosse tão importante assim- digo baixinho -você não teria me feito sofrer como fez, não teria me controlado, não teria feito as merdas que você fez, teria deixado eu escolher quem eu queria amar.
-E eu deixei- diz e sou obrigada a rir -ria se quiser, mas acredite ou não, eu vou sempre ser uma parte de você, vou ser o primeiro homem que você amou.
-Eu não te amava Max- digo incrédula -você me fez acreditar que te amava.
-Meus poderes não são tão fortes assim, eu só intensifiquei os sentimentos que você tinha- diz e eu me calo por alguns segundos.
-Isso é mentira- digo baixinho
-Se é isso acha- diz com um sorriso -mas isso não muda a verdade.
Abro minha boca para dizer algo, mas a fecho rapidamente, pois nada que eu dissesse iria mudar aquele sentimento de raiva e tristeza que vinham de Leon.
⛤⛤⛤
Dessa vez não fomos para o chalé, fomos direto para o palácio.
Lissa foi se encontrar com Marie para resolverem o que fazer com a Joia, e aparentemente Marie havia convencido Max de deixar essa história de "consertar os erros do passado" para trás.
Luna foi até o chalé para encontrar Aaron e Serena para enfim vir para o palácio.
Vou para meu quarto junto de Leon.
Ao entrar me lembro de minha última noite aqui e onde ela nos levou.
Sorrio ao ver a rosa que Peter me deu ainda intacta em um vaso na mesa de cabeceira.
Me jogo na cama e encaro o teto, tentando não pensar no que Max disse e nas emoções de Leon.
-Você ama ele?- pergunta Leon e eu tento não bufar.
-Você acha que eu amo ele?- digo me sentando
-Não sei o que achar- diz e eu arqueio minha sobrancelha, desacreditando.
-Me diga você- digo ácida -você pode ler meus sentimentos melhor do que eu
Leon continua parado ao lado da porta enquanto eu o encaro.
-Não consigo- diz
Dou uma risada sem humor e me levanto da cama.
-É sério que você está me perguntando isso?- digo encostando meu dedo indicador com força em seu peito, ele mal parece sentir, e olho em seus olhos -você acha que eu amo Max? Acha isso mesmo Leon?
-Não- sussurra
-Então por que está preocupado?- digo
-Não sei- diz ainda mais baixo
-Leon...- sussurro seu nome e então deposito um beijo em seus lábios, que de um beijo calmo, se torna um beijo apaixonado e desesperado.
Passo meus braços por seu pescoço, agarrando seus cabelos loiros, ele me pega em seus braços, enquanto laço sua cintura com minhas pernas.
Ele me prensa na parede, apertando ainda mais minha cintura, enquanto um gemido escapa de meus lábios, acendendo todos os sentidos de Leon.
Sua boca me beija vorazmente, descendo por meu pescoço e minha clavícula, então se livra de meu cropped e abocanha um de meus seios, enquanto começo a sentir minha intimidade ficar encharcada.
Finco minhas unhas em seus ombros, gemendo baixinho, tentando não fazer muito barulho.
-Sabine eu... AI MEU DEUS- grita Luna na porta.
Eu paro de respirar e sinto meu rosto arder.
Que ótimo, minha melhor amiga acabou de ver Leon me chupando igual a um bezerro.
Leon me solta e eu cubro meus peitos com as mãos enquanto procuro meu cropped.
-Me desculpe... e-eu...- diz mais envergonhada que nós, mas ainda com uma risada e então fecha a porta -VOU ESPERAR DAQUI DE FORA- grita ela e eu encaro Leon assustada, e tudo o que ele faz é me olhar com um sorriso malicioso no rosto. Enfio minha roupa rapidamente e jogo meu salto em sua direção, ele se desvia sem esforço, e rindo, e meu salto bate na parede, lascando um pedaço da pintura.
-Isso não tem graça- digo
-Não, não tem- diz rindo, se aproximando de mim devagar
Eu recuo enquanto ele avança para mim com um sorriso nos lábios, corro para o outro lado da cama, mas ele é mais rápido e me segura pela cintura, puxando-me para perto.
Ele me abraça e sussurra em meu ouvido, fazendo-me ter arrepios:
-Eu te amo ruiva.
Um sorriso de orelha a orelha aparece em meu rosto.
-Sorte a minha então- digo rindo
-Não vai dizer que me ama?- pergunta mordiscando o lóbulo de minha orelha.
Aproximo nossos lábios o máximo que consigo, mas sem beija-lo realmente.
-Não- sussurro e corro para a porta, deixando-o rindo sozinho no quarto.
⛤⛤⛤
-Vamos treinar- diz Marie me entregando um uniforme de couro, igual a de alguns soldados que vi pelo palácio, Leon possuía um igualzinho, mas um pouco mais surrado
Eu o pego e a encaro enquanto seu olhar corre pelas diversas espadas penduradas por suportes de aço em uma parede de madeira desgastada.
-Fique com essa- diz me entregando uma espada curta, cerca de sessenta centímetros, ela é bem leve -é uma gládio romano, não é pesada, nem muito grande, é perfeita para o combate corpo a corpo.
Eu encaro a lâmina levemente lascada em uma das pontas, ela parecia inofensiva em minhas mãos, mas mortal nas mãos de Marie.
Troco de roupa, vestindo o uniforme pesado e indo para o campo de treinamento.
Pego a espada e tento me preparar.
Prendo meus cabelos em um rabo de cavalo bem preso, enquanto algumas pessoas se aproximam de mim, Leon se encosta em um dos bonecos de treinamento, metros de distância de Max, que se mantém ereto com seus braços cruzados sobre o peito.
Marie entra na arena com uma espada igual a minha, agora entendo o motivo de tanta gente aparecer para me ver treinar. Vieram me ver apanhar, isso sim.
-Vai lutar comigo- diz Marie séria -vou presumir que nesses meses em que você está no Mundo Sobrenatural você já saiba lutar...- afirmo com a cabeça, relutante -não vou pegar leve, vamos lutar até você se cansar.
Minhas mãos tremem levemente, mesmo estando confiante com relação a não passar vergonha, venho treinado todos os dias desde o incidente com Max na floresta de Idylla.
Quero mostrar a ele que sei lutar, mas não para deixa-lo orgulhoso, quero que ele saiba que posso feri-lo caso eu queira, que não sou a garotinha indefesa que ele pensa que eu sou.
Respiro fundo e digo para Marie que estou pronta.
Separo meus joelhos e espero seu golpe.
Um brilho feroz passa por seus olhos, então Marie me ataca com força total, fazendo com que eu me desequilibre e troça meu pulso.
Ela não estava brincando quando disse que não iria pegar leve.
Marie se afasta com um sorriso debochado em seu rosto, andando ao meu redor, como um lobo caçando sua presa.
Espero ela atacar de novo, seguindo seus passos com meu olhar, esperando qualquer mudança em seu andar ritmado.
Ela caminha como se estivesse seguindo a batida de alguma música.
Um, dois. Um, dois.
Passos largos e firmes.
Até que a melodia muda.
Um, dois. Um, dois, três.
Ela toma velocidade e avança sobre mim.
Pulo para trás quando ela ataca, evitando um corte em meu peito.
Sorrio quando ela parece confusa.
Então ataco com toda a minha força, gritando enquanto aço bate em aço.
Ela defende todas as minhas tentativas falhas de conseguir pelo menos um pequeno corte em seus braços.
Quando avanço para ataca-la, Marie chuta meu peito, fazendo com que eu caia para longe, perdendo o ar.
Pontos negros aparecem em minha vista, enquanto ouço nossa pequena plateia arfar com pequenos "Oh!".
Tento me levantar mas Marie é mais rápida e mais experiente.
Ela chuta minha espada para longe enquanto eu me levantava.
Olho para Leon em busca de ajuda, mas tudo o que ele faz é me encarar com um ar de "você já perdeu"
Bufo e me ponho de pé rapidamente.
Corro até minha espada, dando as costas para Marie.
Grande erro.
Assim que eu me virava, ela me ataca, e eu por algum milagre, consigo me defender.
O barulho das duas espadas se chocando faz meus ouvidos arderem por alguns segundo.
Marie empurra ainda mais sua espada contra a minha, fazendo-me cair com meu joelho direito no chão.
Empurro ainda mais, na tentativa de lança-la para longe, mas Marie é forte demais e sem pensar levo uma de minhas mãos ao fio de corte da espada, empurrando ainda mais, forçando meu joelho a sair do chão.
A lâmina corta a palma de minha mão, e enquanto empurro, um urro escapa por meus lábios, faço ainda mais força quando sinto o corte queimar e o sangue jorra livremente, escorrendo pela lâmina e formando uma pequena poça na areia.
Marie se assusta por alguns segundos e olha com os olhos arregalados para o sangue, dando-me ainda mais vantagem.
Marie cambaleia e eu a ataco repetidamente.
Seis, sete, oito vezes.
Até que a espada escapa de suas mãos e para aos pés de seu irmão.
Sorrio, enquanto aproveito o seu choque e chuto seu peito, assim como ela fez comigo.
Ela cai assim como eu, mas aparentemente ainda respirando sem dificuldade.
Aponto minha espada para seu coração e apoio levemente um de meus pés em seu peito, para impedi-la de se levantar, enquanto sorrio vitoriosa Marie me encara sem entender.
Finco minha espada na areia a centímetros de seu couro-cabeludo, tirando meus pés de cima dela.
Olho ao redor a espera de rostos alegres, mas tudo o que vejo são expressões de choque, confusão e medo.
-Como fez isso?- murmura Marie ainda no chão
-Fiz o que?- pergunto preocupada, ajudando ela a se levantar.
-Me venceu- diz -como fez isso?
Sinto minhas bochechas arderem.
-Não sei- digo quando Leon se aproxima de nós.
-Você parecia um borrão na arena- diz ele
-Foi assustador- diz Max sério, (e é nessa hora que sinto vontade de sorrir) ajudando Marie a se limpar.
-Não sei- murmuro enquanto saio da arena segurando minha mão machucada e escorrendo sangue sobre o peito, apertando na tentativa de estancar o sangramento, ignorando todos a minha volta, ignorando Leon, que me chamava e corria atrás de mim.
Atravesso o Salão Principal, ignorando os olhares que pareciam me queimar, enquanto corria para meu quarto.
Corro pelas escadas e percorro o corredor, sangue pingava por entre meus dedos deixando um rastro no chão de mármore branco do palácio.
Abro a porta e Luna me olha com um sorriso, segurando Serena em seus braços, isso faz com que meu coração parasse de bater descompensadamente, se enchendo de alegria por ver aquela pequena vampira.
-O que aconteceu com a sua mão?- pergunta Luna vindo até mim, parecendo preocupada
-Nada demais, não se preocupe- digo pegando Serena em meus braços -tranque a porta, por favor.
Ela me olha alguns instantes e depois faz o que peço, ela se senta ao meu lado na cama e começa a enfaixar minha mão com um pedaço de pano limpo.
-Perder pra Marie não deve ser tão ruim assim...- diz ela com um sorriso amigável no rosto, faço uma careta -ou é?
-Esse é o problema- digo enquanto a bebê passa suas mãozinhas gordas meu rosto, em dias de vida ela cresceu absurdamente, parecendo bem mais velha do que um recém nascido deveria parecer -eu ganhei.
-Você o que?- pergunta surpresa -como...?
-Não sei- digo -Marie parecia surpresa também e Leon disse que eu parecia um borrão de tão rápida que eu estava, até Max pareceu surpreso.
-Rápida do tipo... normal, humano, ou de um jeito sobrenatural?
-Eu não sei, não me lembro de ficar rápida o bastante para derrotar um vampira de quase quinhentos anos- digo -mas pelo modo que Leon e o resto das pessoas que assistiram ao meu treinamento, acho que de um jeito nem um pouco humano.
-Mas você ainda é humana... Não deveria ter traços sobrenaturais.
-Acho que eu já havia percebido isso- digo, grossa demais -me desculpe.
-Tudo bem- Luna diz -talvez seja porquê a Lua de Sangue esteja mais próxima, mas duvido muito...
-Não quero falar sobre isso- digo me levantando com Serena no colo, quando ouço batidas pesadas na porta -Vá embora!
-Sou só eu- diz Max
-Como se isso fosse melhor do que qualquer outra pessoa!
-Me deixe entrar princesa- diz -ou pelo menos venha até a porta!
Encaro Luna enquanto reviro os olhos e coloco Serena em seus braços, indo abrir a porta.
-Vai embora- digo encarando aquele seu sorriso debochado que eu tanto odeio.
-Acho que sei o que está acontecendo com você- diz tentando entrar, mas coloco meus braço na frente para impedi-lo -me deixe entrar e eu explico tudo.
-Max- digo trincando os dentes e dou um passo em sua direção, fazendo-o recuar -não se esqueça que você ainda é um traidor, e que você só esta vivo ainda por que é irmão de Marie, caso contrário, sua cabeça estaria exposta nos portões do palácio para servir de aviso para aqueles que pensam em trair a mim e a nossa causa- rosno e ele me olha assustado, realmente assustado e sinto uma pontada de orgulho por isso -agora vá embora antes que eu mesma lhe uma sentença de morte.
-Parece que o poder a sua cabeça, vossa alteza- diz recuando -não está sendo muito diferente de meu tio, que ameaça todos a sua volta, até mesmo aqueles que querem ajudar.
-Não ouse me comparar com aquele monstro assassino- digo entre dentes -não sou eu a mestra em tortura aqui
Max trinca seu maxilar e então vai embora pelo corredor pisando duro.
Tranco a porta e me encosto nela, encarando o rosto rechonchudo de Serena.
Mal reconheço as palavras que saíram de minha boca, soei como uma psicopata sanguinária, soei como Lissa e isso me perturba profundamente.
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