Lua de Sangue- Vigésimo Quarto Capítulo

Acordo morrendo de frio.
Eu estava completamente nua e a janela estava totalmente escancarada deixando o vento frio invadir o quarto.
Procuro qualquer coisa em que eu poderia me enrolar, mas não achei nada, nem minhas roupas.
-Esta com frio?- pergunta Leon sonolento e com a cara enfiada no travesseiro, eu quase pulo com o susto.
-Aham- digo abraçando o travesseiro para tentar esconder meu corpo.
-Espera- diz se virando para se levantar e eu faço um enorme esforço para não olhar seu corpo.
Leon abre um pequeno armário e tira um enorme cobertor de lã e o joga para mim, depois vai até a janela e a tranca, o sol está começando a nascer.
-Obrigada- digo tímida enquanto me enrolo nas cobertas.
-De nada- diz com seu sorriso torto.
-O que foi?- pergunto, posso sentir me rosto esquentar.
-Nada- diz enquanto veste suas roupas -só estava me lembrando de uma coisa.
-Seu pervertido- digo rindo
-Eu não- diz enfiando seu sapato e depois vem até mim para dar um beijo em minha testa -mas estaria mentindo se dissesse que não estava pensando na noite anterior.
Sinto minhas bochechas ruborizarem enquanto dava um sorriso tímido.
Ele se afasta e sai do quarto.
-Vou fazer algo para você comer- grita ele descendo as escadas.
Eu realmente precisava de algo para comer, estou faminta.
Me levanto, ainda embrulhada no cobertor, e procuro minhas roupas.
Minha blusa estava do outro lado do quarto, perto de meu sutiã.
Meu shorts jogado na poltrona empoeirada no canto do quarto.
Merda.
Não consigo achar a outra peça que estava faltando.
Percorro com meus olhos o quarto mas não acho nada.
Olho por debaixo dos móveis mas de nada adianta, então logo depois a vejo pendurada perto do espelho.
Como diabos ela foi para ali?!
Me visto rapidamente e dou uma olhada no espelho.
Meus olhos ainda estão em um tom avermelhado, que me deixa um pouco assustadora.
Olho mais de perto, eles estão com cores misturadas, parte verdes e vermelho, mas parte da minha íris está em um tom dourado, exatamente como os de Leon.
Pisco algumas vezes mas nada acontece.
Respiro fundo e saio do quarto.
Paro ao pé da escada quando sinto um cheiro extremamente familiar.
Corro até a cozinha e puxo o ar com mais força, apreciando o cheiro.
-Isso é...
-Café- diz ele sorrindo
Dou um gritinho de felicidade.
-C-como?!- pergunto
-Tenho minhas fontes- diz sorrindo enquanto me servia em uma caneca azul desbotado.
Dou um belo gole e solto um gemido de prazer, isso é coisa mais maravilhosa do mundo!
Era como se eu sentisse a cafeína correndo por minhas veias, era bizarro!
-Você gosta mesmo disso- diz dando um gole
-Café é o melhor amigo do estudante- digo -eu e meus amigos virávamos a noite fazendo trabalhos terríveis na esperança de conseguir uma nota decente, bebíamos litros de café, nada saudável eu sei, mas pelo menos era divertido.
-Não sinto falta da escola- diz
-Aposto que era o único aluno que se chamava Leon- digo sorrindo
-Eu não nasci com esse nome- diz traçando círculos por sua caneca
-Não?- pergunto
-Não- diz simplesmente
-E como se chamava?- pergunto interessada
-Leonard- diz e eu quase engasgo com o café, não consigo controlar o riso que estava preso em minha garganta -ridículo, eu sei. Leonard não é o nome mais humano que existe?!
-Sim- digo ainda rindo -quando penso no nome Leonard, penso em um cara magrelo cheio de sardas ou em um nerd da computação, não em... alguém como você.
-Alguém como eu?- pergunta
-É, sabe... bonito e musculoso- digo envergonhada -mas porque Leon?
-Bom, quando vim para cá, Ethan queria que eu tivesse um nome mais... másculo? é, acho que essa palavra serve. Então ele simplesmente começou a me chamar de Leon, que basicamente significa valente e ousado...
-Esse nome combina com você- digo e ele sorri.
-Sabe, a maioria dos seres sobrenaturais mudam de nome com o tempo, para um nome mais moderno. Como somos seres imortais, alguns nomes se tornam fora de moda
Dou uma risada que faz Leon sorrir.
-Eu...- começo, mas então escutamos batidas na porta da frente, me fazendo pular.
-Espera aqui- diz e eu assinto com a cabeça.
Ele vai até a porta e a abre devagar.
Leon parece relaxar e então abre a porta completamente.
-Bonjour- diz Lissa entrando
Reviro os olhos e então me aproximo dos dois.
-Espera- diz ela e eu a encaro -vocês transaram?
Leon engasga ao meu lado enquanto eu arregalo meus olhos.
-Vocês estão com o mesmo cheiro- explica ela - e seus olhos estão vermelho-dourado. Significa que você agora é parte de Leon.
-Quê?- pergunto confusa
-Ligação- diz -vocês estão ligados.
-Ah- digo me lembrando do que Luna havia me dito.
-O que faz aqui?- pergunta Leon mudando de assunto.
-Queríamos ver Sabine- diz ela
-"Queríamos"?- pergunto
-É, Luna esta vindo com Aaron, ele é meio lento as vezes...
-Por que vieram aqui?- perguntou Leon
-A Lua de Sangue é daqui a uma semana- diz Lissa -a bonitinha tem que estar pronta.
-Uma semana...- repito para mim mesma baixinho
-Não se preocupe- diz Leon a mim
-E Max?- pergunto
-Preso- diz Lissa sorrindo -eu cuidei dele, não se preocupe.
Respiro fundo e olho pela janela, Luna esta se aproximando junto de Aaron.
Abro a porta e corro até Luna.
Ela sorri e me abraça.
-Espera!- ela me afasta enquanto me encara e depois puxa o ar para sentir meu cheiro -AI MEU DEUS! VOCÊS...
-Luna- digo emburrada -sim! E faça menos barulho.
-Ah, desculpe- diz com um sorriso enorme -seus olhos ficaram lindos nessa cor
-Ah, obrigada...- digo -acha que eles vão voltar ao normal?
-Vão- diz Aaron
-Ótimo- digo entrando em casa
-Gostei do ambiente- diz Aaron ao entrar na casa de Leon, que encara fixamente Aaron com cara de poucos amigos.
Apenas sorrio e vou até Leon.
-Você precisa treinar- diz Lissa -e muito
-Agora?- pergunto
-Já!- diz ela me guiando para fora, olho para Leon procurando apoio mas ele apenas sorri, estava se divertindo as minhas custas!
Paramos um pouco afastados da casa.
-Me ataque- diz ela
A encaro, preocupada.
-É pra hoje mon amour - diz revirando os olhos
Respiro fundo e vou para cima de Lissa.
Ela desvia com facilidade.
-Seja mais rápida- diz
Tento dar uma rasteira nela mas eu apenas caio de cara no chão quando Lissa chuta minha canela.
Olho em volta procurando algo que possa usar contra ela.
Paro meus olhos ao pé de uma árvore e um sorriso se forma em meus lábios quando vejo uma pequena fruta azul.
Agora tudo o que preciso fazer é chegar até ela.
-Vai ficar ai jogada no chão?- pergunta Lissa impaciente.
Pego um punhado de terra, como Max havia me ensinado, pelo menos ele serviu de alguma coisa, e jogo em Lissa que se assusta e depois sorri.
-Inteligente- diz
Me levanto e chuto as pernas de Lissa e corro até a fruta.
Agora preciso enfiar isso goela abaixo em Lissa.
Pego um pedaço de árvore que estava caído perto de mim e começo a atacar Lissa com ele.
Acerto seu rosto e dou um chute em seu estômago, fazendo-a se desequilibrar, chuto novamente e ela cai.
Subo em cima dela e pressiono a fruta em sua boca, ela luta um pouco mas logo a engole.
Ela faz uma careta e eu saio de cima dela.
Lissa se vira para o lado e um liquido azulado sai de sua boca.
-Ganhei- digo me abaixando perto dela -isso me daria tempo suficiente para arrancar a cabeça de quem quer que fosse, então eu ganhei.
-Puta que pariu- resmunga
-Pra alguém que passou mais de um século trancada em uma biblioteca sem nenhum contato com o mundo, você tem um linguajar bastante moderno...
-Sabe, qualquer ser que morra, antes de ir para o Jardim das Almas ou qualquer lugar que seja, precisa passar por mim, e qual você acha que é a reação de quem acabou de morrer e percebeu que vai para o inferno?
-Ah- digo com uma risada
-Exato- diz sorrindo, ainda deitada no chão -como sabia o que aquela fruta faria?
-Eu tenho uma boa professora- digo sorrindo para Luna
-Você é esperta para uma humana- diz
-Humana meio vampira- corrijo
-E agora parte Lobisomem também
-Quê?- digo
-Ligação- me lembra ela
-Ah- digo enfim
-Uma ajuda, chérie- diz e eu a ajudo a levantar -deve estar faminta
-Estou- digo
-Tem comida lá dentro- diz Leon olhando para mim com um sorriso orgulhoso.
Corro para dentro e me deparo com uma mesa cheia de coisas deliciosas.
-Cortesia do Aaron- diz Leon
-Obrigado- digo
-De nada- responde o elfo.
Pego uma bela maçã e dou uma enorme mordida.
Mastigo, achando-a um pouco estranha.
Então sinto meu estômago se revirar e sinto a ardência tomar conta de minha garganta.
Corro o mais rápido para a pia e solto tudo.
Isso é nojento, eu sei.
Tusso algumas vezes e sinto um gosto amargo na boca.
-Tudo bem?- sussurra Leon atrás de mim, ele segurava meu cabelo.
-Aham- digo me apoiando nas bordas da pia -só fiquei enjoada. Meu corpo deve ter estranhado o café.
-Provavelmente- diz ele me ajudando a limpar a bagunça.
-Não é a primeira vez que isso acontece por causa do café- digo me lembrando de quando eu e Alice havíamos tomado duas garrafas de café sozinhas, eu precisei de lavagem estomacal, foi horrível.
Leon apenas concorda com a cabeça e depois me abraça.
Olho por cima de seu ombro vejo os três nos encarando.
-Estou bem- digo ao ver o olhar preocupado de Luna.
Ela sorri com relutancia e depois volta a comer.
-Preciso de um banho- digo
-E nós precisamos ir- diz Lissa- voltaremos ao anoitecer.
Sorrio e sem dar muita atenção e subo as escadas para ir até o quarto.
⛤⛤⛤
-Sabine?- grita Leon do andar de baixo.
Passei a tarde inteira presa dentro da banheira, era como se meu corpo pedisse pela sensação relaxante da água morna e me obrigasse a ficar dentro dela.
-Hm?- murmuro não muito alto
Ele sobe as escadas e para na porta do quarto, depois vem até o banheiro.
-O que foi?- pergunta
-Nada- digo
-Sabe que eu sei quando está mentindo, não sabe?
-Aham- digo sem olhar para ele.
-Está me deixando preocupado, Sa- ele vem até mim e encosta sua mão em minha testa
-Não estou doente, Lee
-Como?- pergunta sorrindo e então percebo que dei um apelido a ele sem querer.
Sorrio e então olho para ele.
-Desculpe- digo
-Eu gostei- diz passando os dedos por minha bochecha -gostei bastante.
Dou uma risada abafada.
-Fique aqui comigo- digo olhando em seus olhos.
Ele me encara por alguns segundos e então logo tira sua camisa. Um sorriso maravilhoso estampado em seu rosto.
Dou uma bela analisada em seu corpo e quando percebo estou mordendo meu lábio inferior.
-O que foi?- pergunta ao olhar meu sorriso -sou tão bonito assim?
-Nossa você é tão modesto- digo enquanto ele se ajeita dentro da banheira, encosto minhas costas em seu peito quente -quase tão modesto quanto lindo.
-Obrigado, obrigado- diz acariciando meu braço e depositando um beijo no topo de minha cabeça -está preocupada com o ritual?
-Um pouco- digo -preocupada em ter que mandar em tudo e em todos, nunca fui muito boa em liderar.
-Eu discordo- diz - você é perfeita pra liderar, será uma ótima Rainha. Você é inteligente, forte, sincera, justa, leal e bondosa...
-Obrigada- digo baixinho -mas então...três a cinco dias...
Leon para de respirar e então eu me pergunto se não deveria ter iniciado essa conversa, até que ele começa a rir.
Muito.
-A Luna te disse isso, não foi?- diz quando consegue parar de rir.
-Foi- digo olhando para minhas mãos cheias de espuma.
Ele passa seus dedos por minha espinha e então sinto um enorme arrepio
-É, três a cinco dia- diz com uma risada -mas só vai acontecer quando você se tornar vampira...e se você quiser.
-Tenho certeza de que irei querer- digo não muito mais alto que um sussurro
Então todas as lembranças da noite anterior invadiram minha mente, fazendo-me ter arrepios por minha pele.
Aquela sensação maravilhosa de ser invadida por ele.
-Gostou tanto assim?- sussurra Leon em meu ouvido
-Muito- digo com um sorriso -sabe, é estranho você conseguir sentir tudo o que eu sinto.
-Posso tentar parar se quiser e...
-Não- digo -eu não me importo
-Quando for vampira vai poder sentir o que eu sinto também- diz
-Interessante- digo com um sorriso
-Uhum- murmura ele em meu pescoço, seus lábios mordiscavam minha pele, me fazendo soltar um gemido baixo.
-É- digo, mal conseguia pensar, isso estava ótimo
-Quarto?- murmura ele
-Sim- digo quando minha cabeça parece clarear
Leon me levanta e pega-me no colo, saindo da banheira e indo para o quarto.
Eu beijo seu pescoço e provo sua pele em chamas.
O deito na cama e passo minhas unhas por seu peito e abdômen.
Me abaixo e provo mais do gosto de seus lábios, completamente viciada em seu beijo.
Leon passava seus dedos levemente pelo contorno de meu corpo nu, eu nem me importava com as batidas na porta, mal me dei conta delas, até que Leon para e xinga baixinho, se levanta e me joga uma toalha.
Seja lá quem for, eu não gostei nada.
Bufo e então me enrolo na toalha para me levantar e me vestir.
Desço as escadas e para no meio da sala quando escuto Lissa dizer:
-Nós vamos para o mundo humano
-O que?- digo encarando eles sem entender.
-Sa!- diz Luna passando por Lissa e Leon com um sorriso enorme no rosto
-O que está acontecendo?- pergunto
-Como é sua ultima semana como humana- diz Luna segurando minhas mãos -nós decidimos que você merece uma pequena folga dessa maluquice toda do mundo sobrenatural.
-Luna quer te levar a uma festa no mundo humano- diz Aaron, ele parecia não concordar com isso -ela insistiu muito nisso.
-Mas como vamos sair daqui? Não podemos passar pelos portais, está cheio dos guardas de Milles- diz Leon
Lissa pigarreia e da um sorriso angelical e pisca algumas vezes, fazendo seus enormes cílios dançarem sobre seus olhos cor de mel.
-Você está falando com uma deusa- se gaba Lissa -nem vão perceber que saímos.
-Quando?- pergunto a Luna que sorri mais ainda
-Amanhã- diz
-Nós vamos- digo convicta
-Nós?- debochou Aaron -você e Leon acabaram de oficializar sua ligação, ele mal vai conseguir se segurar caso algum humano olhe para você.
-Machos ficam possessivos depois de oficializar a ligação, mas e daí?- diz Leon -posso me controlar, sem nenhum problema.
-Claro- diz Aaron com uma de suas grossas sobrancelhas arqueada -mas e se eu fizer isso?
Aaron vem para trás de mim e passa seus braços por minha cintura, eu arregalo meus olhos pela surpresa e logo o afasto com um chute em sua perna.
Leon esta com cara de poucos amigos e seus olhos estão em um tom de dourado mais escuro, mostrando toda a sua raiva, junto com seu corpo que tremia.
-Aaron, não o provoque- repreende Luna segurando o braço de seu companheiro com força.
-Perdão alteza- diz ele baixando o olhar.
Leon corre para fora de casa e eu apenas balanço a cabeça para Aaron e vou atrás de Leon.
Corro o mais rápido que posso, seguindo o som dos passos de Leon.
Paro no meio da floresta.
Esta escuro, mas mesmo assim consigo enxergar perfeitamente.
-Leon!- grito mas de nada adianta, não escuto mais seus passos -Leon!
Nada.
Então escuto passos vindo em minha direção.
Tenho certeza de que não são de Leon, são mais leves e mais controlados.
Passos de uma mulher.
-O que temos aqui?- diz uma voz aveludada ao longe, mas ao mesmo tempo próxima -humana? Parece que terei um jantar maravilhoso hoje...
Me abaixo lentamente e encosto minhas mãos no chão, tentando não fazer movimentos bruscos.
-Apareça- digo alto o bastante para ela ouvir.
-Olhe para cima querida- diz outra voz, um homem.
Olho na direção da voz e vejo uma figura pálida, magra e tenebrosa. Seus olhos cor escarlate me encaravam com cobiça. Tentava esconder um sorriso mordendo seus lábios.
-Qual o seu nome graçinha?- pergunta o homem.
-Quem liga pro nome dela?- diz a mulher, sua voz estava cada vez mais próxima- estou com fome e o bebê também. Ela dará uma ótima refeição.
-Ela fede- diz o homem -tem andado com Lobisomens, querida?
Não respondo sua pergunta e então posso ouvir ele bufar.
Me viro e vejo a dona da voz aveludada.
Era uma mulher morena, linda. E sua barriga era enorme e achatada.
Ela com certeza estava grávida, e parecia faminta.
-Sinto muito graçinha, mas estamos realmente famintos, mesmo com seu cheiro insuportável de cachorro, seu sangue deve ter um gosto ótimo- diz o homem se aproximando de mim, um som aterrorizante vinha do fundo se sua garganta, um rosnado gutural.
Encaro seus olhos enquanto uma cena familiar passava por minha mente, um vampiro com sua presas com aparencia de porcelana me encurralava para minha morte certa.
Me levanto e agarro uma pedra e acerto seu rosto.
O vampiro rosna e da um pequeno sorriso.
Um caçador brincado com sua presa.
Estava prestes a ataca-lo de novo quando a mulher aparece atrás da figura aterrorizante e arranca seu coração.
O vampiro cai sem vida no chão, com sua pele tomando um tom acizentado horripilante.
A mulher olha no fundo de meus olhos e depois chega mais perto.
Puxa o ar seus pulmões, sentindo meu cheiro.
Ela arregala os olhos e depois se afasta, sem nunca desviar o olhar do meu.
-Você é como eu, não é?- diz enquanto abraça sua enorme barriga
Até que enfim alguém percebeu que sou uma vampira!
-Sim- digo baixinho, olhando o gesto carinhoso da mãe.
-Sinto muito- diz enquanto se afasta
-Espera- digo firme, ela para e volta a me encarar. -beba!
-Não posso- diz
-Não se preocupe- digo com um sorriso - sou uma mestiça, também sou meio humana. Não terá problema se você beber meu sangue
-Lhe garanto que essa não é minha maior preocupação- diz -não quero lhes fazer mau.
-Eu ficarei bem- digo , agora pegando uma pequena pedra e fazendo um corte em meu braço -agora beba.
A vampira nega por alguns segundos, mas então mais algumas gotículas de sangue escorrem pelo meu braço, me forço a não ficar enjoada.
Ela vem para perto de mim e então sorri, um sorriso genuíno.
-Muito obrigada- diz e então sua presas perfuram a pele de meu pulso. Aperto meus olhos pela dor. Logo ela desaparece e uma sensação de conforto toma conta de mim. A mordida não doia mais.
Ela suspira satisfeita e então para de me morder. Um sorriso explendido em seus lábios.
-Eu agra...- ela começa mas então uma estaca de madeira atravessa seu peito, ela arregala os olhos e geme de dor.
A vampira cai de joelhos enquanto agarra sua barriga, eu me ajoelho em sua frente e sinto lágrimas rolarem em meus olhos, assim como nos dela.
-Não, não, não- digo já sem ar.
-E-eu- começa ela, sua pele já estava se tornando rigída e acizentada.
-Vai ficar tudo bem- digo forçando um sorriso, ela chora mais ainda e sinto um nó em minha garganta.
-Não vai não- diz uma voz familiar
Me levanto imediatamente quando a mulher cai morta no chão.
-M-max...- gaguejo
-O próprio- diz e então vem ao meu encontro, ele segura meu rosto entre suas mãos, eu estava atordoada demais para me afastar de seu toque -você está bem? Vi aquela vampira te morder, e então peguei a primeira coisa de madeira que vi pela frente e... Sabine? Você está bem, meu amor? Fale comigo, por favor...
-Max...- foi tudo o que consegui dizer.
-Estou aqui- diz e então me abraça, estava atordoada demais para me livrar de seus braços e assim que percebi já estava o abraçando de volta, minha mente estava em pâne, mal conseguia pensar direito, não conseguia pensar no porque estava abraçando Max, ou então em como ele não estava mais na prisão do palácio.
Eu só conseguia chorar no peito de Max.
Só conseguia me lembrar de como aquela vampira demonstrava amor pelo seu bebê...
-O bebê...- digo baixinho para logo depois quase gritar como uma louca -o bebê!
-Ainda está vivo, mas logo irá morrer também- diz Max com indiferença.
-Ajude-o!- grito para ele que me olha de um jeito estranho. A tristeza se foi e tudo o que restou em seu lugar foi uma enorme fúria -faça alguma coisa boa nessa sua vida miserável e ajude o bebê!
Max me encara por alguns segundos antes de ir até o cadáver e o virar de uma maneira que ele conseguisse tirar o bebê.
Fico um pouco surpresa pelo fato de Max ter aceitado ajudar a criança sem uma discussão, mas não estou reclamando.
-Isso não vai ser bonito- diz ele se preparando para rasgar o abdômen da vampira caída no chão -é melhor você não olhar...
Me viro rapidamente e então escuto o som apavorante de carne sendo rasgada, sinto meu estômago embrulhar e respiro fundo, tentando me controlar.
Max reclama um pouco e então escuto o som mais lindo, e irritante, que já ouvi na vida.
Me viro lentamente para olhar a criança que estava se esgoelando nos braços de Max.
-É uma menina- diz Max sussurrando enquanto olhava com adoração para a criança, o olhando assim eu mal poderia acreditar que ele era realmente um monstro terrível, ele parecia ser bom.
-É linda- digo chegando perto deles -e barulhenta
-Está com fome- diz ele passando os dedos pelo ferimento da vampira - ela precisa do sangue da mãe, não é fresco, mas deve servir...
Me sento ao seu lado e encaro a criança, ela é perfeita, ainda está chorando, seus dedos enrrugadinhos seguram com força a mão de Max enquanto morde seus dedos, bebendo o sangue da mãe e o sangue de Max ao mesmo tempo.
-Posso segura-la?- pergunto e Max me encara com um sorriso estúpido no rosto - o que foi?
-Nada- diz e ri um pouco -você quer mesmo segurar um ser imortal que se alimenta de sangue e que não tem o menor controle sobre seus instintos assassinos?
-Quero- digo sem olhar para ele, estava fascinada com a bebê -é só um bebê, não vai me fazer mal...pelo menos ela é mais inofensiva do que você
Olho diretamente para os olhos dele.
Seu sorriso sumiu.
-Você tem que ir- diz ele - seu companheiro deve estar te procurando,a propósito, ele já matou alguém que tentou chegar perto demais de você? Quero dizer, depois que vocês finalmente concretizaram os laços de companheiro?
-Não é da sua conta, Max- digo me levantando -me de a criança e vai embora..
-Te dar a criança?- diz com deboche -não, não vai rolar princesa.
-Max- digo calmamente -você está sendo perseguido por Milles, Lissa, Leon e Marie, então é melhor você deixar eu cuidar dela, assim ficará segura. Cuide do corpo da mãe dela...
-Mas ela a atacou- diz encarando o corpo rígido caido ao seu lado
-Não- digo -ela estava bebendo meu sangue porquê eu permiti, ela me salvou daquele ali- digo apontando para o vampiro jogado a alguns metros de nós -ela precisava de sangue e eu lhe ajudei dando o meu, até você mata-la...
-Já entendi- diz fechando seus olhos e respirando fundo -fique com a criança, mas prometa que você mesma irá cuidar dela
-Não tenho que prometer nada a você Max- digo -mas eu cuidarei dela.
Ele se levanta com ela nos braços e então chega perto de mim, dou um passo para trás em reflexo, ele para e me entrega a criança, ainda a alguns passos de distância.
A seguro e a embolo no casaco do vampiro que queria me atacar, Max sente meu cheiro e então revira os olhos.
-Você fede a ele agora- diz com escárnio.
-Vai embora Max- digo me virando e andando de volta para a cabana.
-Até logo Sabine- diz e então não o escuto mais, me viro para ter certeza de que ele se foi e não vejo mais o corpo da vampira.
Sigo pelo mesmo caminho que vim enquanto corria atrás de Leon.
Me pergunto aonde ele foi, espero que assim que chegar em casa eu o veja na varanda esperando por mim.
Encaro a criança por alguns segundos, observando seus traços delicados, ela é bem cabeluda para um recém nascido.
Ela dorme.
Seus cabelos são em um tom de preto-azeviche como os de sua mãe.
Suas sobrancelhas eram finas e escuras, contrastavam perfeitamente com sua pele translúcida e orvalhada que brilhava a luz da lua.
Seus olhos cor de âmbar, agora fechados, eram repletos de longos cílios negros.
A pequena solta um pequeno bocejo que me fez abrir um largo sorriso.
Ela era muito fofa.
Sinto uma arrepio na espinha me avisando que algo estava errado, seguro a menina mais forte contra meu peito.
Começo a andar mais rápido assim que escuto passos pesados me seguindo.
⛤
Falta mais quantos capítulos do livro?
ResponderExcluirOii, o livro será encerrado logo após da iniciação da personagem principal e o Grand Finale (tentando não dar nenhum spoiler...rsrs)
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