Lua de Sangue- Vigésimo Segundo Capítulo

Eu me sentia péssima.
Todo meu corpo doía. Minhas pernas, braços, cabeça... até minha língua doía de uma maneira insuportável.
Mas isso não é nada comparado a dor psicológica que Max me fez passar.
Primeiro ele ameaçou matar todos aqueles que eu amava, caso eu não o obedecesse e me casasse com ele, eu não posso perder mais ninguém.
Não quero perder mais ninguém, mas também não quero obedecer Max, muito menos me casar com ele.
Nesse tempo em que fiquei desacordada eu percebi que amava Leon e isso é estranho para mim, pois eu achava impossível alguém se apaixonar verdadeiramente e completamente por outra pessoa em um período de tempo tão curto, mas eu realmente o amo. Em nossa ultima noite, quando ele disse que me amava mesmo que sem perceber, aquilo encheu meu peito com uma sensação calorosa que me fez abrir vários sorrisos bobos durante a noite antes de eu enfim dormir.
E por isso não quero que Max estrague tudo isso.
Não vou deixar.
Depois de eu me negar a obedece-lo, ele de alguma forma, conseguiu que minha mente se tornasse um caos.
Barulhenta e irritante.
Parecia que iria explodir a qualquer momento, eu implorava para que aquilo parasse.
Então ele apareceu e me matou.
Repetidas vezes e de formas diferentes.
A primeira vez foi de sua forma convencional, me atacando e rasgando minha garganta para beber cada gota do meu sangue.
Depois afogada.
Enforcada.
Desidratada.
Membros que caiam.
E tudo o que eu podia fazer era rezar para que aquilo parasse, eu não podia correr, não podia gritar por ajuda, pois eu estava presa em minha própria cabeça.
Até que tudo parou.
As chantagens, o barulho, a minha morte.
Tudo ficou quieto.
Eu não sei como o poder de Max funciona, mas ele consegui me desestabilizar.
Ele fez minha mente ficar em um completo silêncio e escura, no mais negro preto.
E eu pensei que aquilo iria me enlouquecer, o silêncio era ensurdecedor, pareciam horas.
Eu me sentia dura por dentro, melancólica.
Aquela tristeza se tornou um buraco em meu peito, engolindo-me mais e mais a cada segundo.
E foi nesse momento que eu queria estar sentindo dor, ela era melhor do que o silêncio, melhor do que o nada.
Até que, enfim, o meu cavalheiro de armadura branca, na verdade cavalheiro com uma bermuda surrada e um sorriso lindo misturado com uma ruga de preocupação em sua testa, aparece e me salva.
Eu queria chorar, rir e gritar quando eu o vi.
O rosto de Leon foi a primeira coisa que eu vi assim que eu abri meus olhos.
Me joguei em seus braços assim que encarei seu sorriso e me aninhei em seus braços ansiando aquele seu carinho desajeitado, que agora está até decente, para me reconfortar.
Eu precisava de seu carinho mais do que ar pra respirar.
Sua pele quente aqueceu minha pele gelada e grudenta de suor.
-Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo- eu murmurava em seu peito, atropelando as palavras, eu mal me importava com as pessoas que estavam em meu quarto, eu só queria ele.
Ele solta uma risada que fez seu peito tremer.
-Acredite ou não, mas eu te amo mais- sussurrou ele em meu ouvido -ela já está melhor, podem ir- diz ele para todos que estavam em meu quarto.
Tudo o que eu fazia era me agarrar em Leon e chorar baixinho em seu peito.
Não sei por quanto tempo eu fiquei assim, só sei que Leon me segurava e dizia palavras amáveis em meu ouvido.
Eu me lembrei de quando o conheci, logo quando cheguei no palácio, ele parecia me odiar e acho que de certa forma odiava mesmo.
De quando eu estava furiosa com Max e ele apareceu com seu sorriso torto e suas patadas dizendo que ele iria cuidar de mim a partir daquele momento.
Nos dias que passamos juntos, eu adorava a companhia dele, mesmo sem saber.
No dia em que estávamos treinando, foi a primeira vez que eu me senti atraída por ele, bom... no dia em que eu percebi que me sentia atraída por ele.
Do jeito que ele encarava meus lábios quando caiu em cima de mim, eu me senti a garota mais linda do mundo.
De como ele cuidou de mim quando eu estava ferida, fisicamente e psicologicamente.
Quando ele disse que foi feito especialmente pra mim, como ele ficou constrangido ao ter que dizer isso, foi realmente muito fofo.
De nossa ultima noite... de nosso ultimo beijo.
Era como se minha pela queimasse quando ele a tocava, do jeito que eu ficava quando ele me olhava.
Talvez eu estivesse apaixonada por ele a muito tempo e eu não havia me dado conta, ou talvez essa paixão tenha nascido e crescido aos poucos com nossa proximidade, eu não sei dizer.
Só sei que agora, nesse exato momento, eu estou perdidamente apaixonada por ele e talvez isso soe clichê, mas eu realmente não ligo, só quero ter Leon para mim.
-Sabine?- sussurra ele
Eu resmungo algo incoerente e abro meus olhos.
Merda, eu estava dormindo?
Ainda estou agarrada a Leon, só que agora estamos deitados em minha cama e eu estou aninhada sob seu peito.
-Quando eu...- começei
-A algumas horas- diz ele -teve algum pesadelo?
Opa.
-Não- digo, agora definitivamente acordada -Max, ele...
-Não está morto- diz ele quando me levanto para encara-lo -está preso, aparentemente Luna conseguiu conter os poderes dele.
-Então eu não vou...
-Não- diz ele me interrompendo de novo -vai poder dormir tranquila agora
Respiro fundo fechando meus olhos, isso era uma ótima noticia.
-Onde ele está?- pergunto
-Preso- diz
-Aonde?
Ele desvia o olhar e responde baixinho:
-Aqui no palácio
Dou um pulo da cama e vou em direção ao meu closet.
-O que está fazendo- diz Leon se levantando da cama.
-Pegando minhas coisas- digo procurando alguma coisa que me possa servir de mochila
-Para que?
-Você não acha que eu vou ficar no mesmo lugar que Max, ou acha?- digo pegando um tipo de bolsa que estava perto de meus sapatos, isso vai ter que servir... -o palácio pode ser enorme, mas é claramente pequeno demais para Max e eu ficarmos juntos.
-E você vai para onde?- diz se encostando na porta, seus braços cruzados
Eu paro, não tinha pensado nisso, mas tento disfarçar.
-Pra Floresta- respondo, tudo bem, eu sei que essa não é a melhor ideia de todas, mas foi o primeiro lugar que me veio a cabeça.
Leon ri, debochado.
-Com todos os soldados de Milles te procurando? Até parece- diz
-Vou pra Floresta de Idylla- digo enfiando qualquer peça de roupa que eu vejo pela frente dentro de minha bolsa, ela é inesperadamente enorme
-Não pode- diz se aproximando de mim
-Sim, eu posso- digo abaixando-me para pegar uma blusa que havia caído no chão -tenho amigas lá.
Ok, talvez amigas não seja a palavra certa, mas tenho certeza que as Caçadoras me ajudariam...
Elas ajudariam, não é?
-Aham- diz ele -não pode ir Sabine.
-Eu posso- digo me levantando, rápido demais, minha visão fica borrada por alguns segundos mas logo volta ao normal
-Caramba! Mulher teimosa!- resmunga ele -se não for ficar no palácio, pelo menos fique em um lugar que seja meu!
Eu paro e o encaro, quase rindo.
-Claro- digo com deboche, logo voltando a andar pelo meu closet.
-Estou falando sério- diz -assim posso tomar conta de você...
-Não preciso- digo
-Você ficou três dias apagada Sabine, que droga!
Eu volto a encara-lo.
-Como?
-Você passou três dias desacordada, até Aaron achar algo para te acordar de novo
-Isso não muda o fato de eu ter que sair do palácio- digo rapidamente
-Vem comigo- diz segurando meus pulsos, eu olho diretamente em seus olhos, eles me encaravam com intensidade -tenho um lugar...
-Hm?- digo tentando fazer minha mente voltar a funcionar
Ele ri e balança a cabeça.
-Tenho um lugar que você possa ficar, e assim eu também posso cuidar de você...
-Não- digo teimosa
-Sim- diz e eu tenho que rir -por favor...
Ele se aproxima mais e mais de meu rosto fazendo minha respiração acelerar, ele roça seus lábios nos meus e então eu perco qualquer tipo de controle que eu tinha sobre mim mesma.
Agarro seus cabelos loiros e o puxo para mais perto, colando nossos lábios em um beijo intenso e apaixonado.
Ele escorrega seus dedos pela minha coluna o que sempre me faz ter arrepios, logo depois segura meu pescoço e cabelo, agora nossos corpos estão totalmente colados.
Eu me afasto sem fôlego.
-Por favor?- repete ele.
Eu balanço minha cabeça em afirmação.
-Eu odeio você- resmungo
-Eu também te amo, Sa- diz ele sorrindo.
⛤⛤⛤
Era uma casa que ficava no meio da floresta, andamos pelo o que pareciam horas.
É bem rústica, a maior parte dos móveis são feitos de madeira, e não vejo nenhum tipo de iluminação a não ser algumas velas espalhadas pelos cantos da sala e cozinha.
Por ela estavam muitos vasos repletos de flores, algumas completamente secas, já outras tinham uma cor vibrante.
Na sala há um sofá, uma lareira e um balcão que a dividia da cozinha.
A casa tinha um certo charme, me lembrava uma casa em que passei o verão com Alice e sua mãe, logo quando minha mãe morreu.
-Está faminta, não é?- diz Leon
Sorrio timidamente e afirmo com a cabeça.
Eu realmente estava faminta, tudo o que comi após acordar foi uma fruta que Leon pegou de uma árvore a caminho daqui.
-Sente-se -ordena ele, apontando para o sofá de madeira com diversas almofadas floridas cor amarelo-mostarda -você... come peixe?
-Você sabe cozinhar?- digo arqueando uma de minhas sobrancelhas
-Lógico- diz ele sorrindo
Solto uma gargalhada e ele me encara com um sorriso torto no rosto.
-Existe alguma coisa que você não saiba fazer?
-Hmm- murmura e fecha os olhos, pensando -não
-Você é bem modesto, não?- digo debochada e ele ri
-A comida vai ficar pronta em alguns minutos- diz se virando e colocando um pedaço de peixe no forno a lenha
-Então...- começo -que lugar é esse?
Ele se vira novamente para me olhar.
-Era onde Ciara, Ethan, meus irmãos e eu morávamos antes de irmos para o palácio.
-Era Ciara que decorava os cômodos? -digo olhando ao redor
-Sim- diz com um sorriso
-É lindo aqui- digo olhando para um vaso que estava perto de mim -isso são...
-São- diz ele sorrindo
-Peter me deu uma dessas- digo pegando uma das rosas púrpuras que estavam no vaso -ainda está no meu quarto...
-Eu sei- diz limpando as mãos e logo depois vindo se sentar ao meu lado
-O cheiro está ótimo- digo puxando o ar para meus pulmões, estava maravilhoso!
Leon segura minha mão e chega mais perto, eu me aconchego em seu peito e ele me abraça.
-Se você se casar com o sangue-suga...- começa ele e eu me assusto um pouco com a mudança repentina de assunto -quero ser o amante...
-Amante?- digo rindo -que vulgar
-Eu sei- diz rindo também -mas já que não poderei ser o marido, pelo menos quero ser o amante
-Não vou me casar com Max- digo
Ele apenas ri e se levanta para pegar a comida.
Eu me levanto e vou até a mesa, logo me sentando.
Leon me serve um pedaço generoso de peixe em um prato azul e logo se senta em minha frente, eu dou uma garfada, está divino!
-Gostou?- diz Leon sorrindo e também comendo.
-Eu amei- digo logo dando outra garfada -está maravilhoso.
-Que bom que gostou- diz ele -se um dia nos casarmos, vou prepara o prato que você quiser, quando quiser.
-Isso é tentador- digo dando um sorriso ao pensar na possibilidade.
Ele sorri e eu termino de comer rapidamente, estava morta de fome.
-Quer dançar?- diz ele se levantando e indo até um toca disco.
-Nossa- digo espantada -isso é muito velho!
-Sim- diz ele rindo e logo uma musica, que me parece ser antiga, ele estende sua mão para mim -me concede essa dança?
Eu rio e aceito.
Pego sua mão e colo meu corpo no seu, apoiando minha cabeça em seu peito.
Nós dançávamos pela sala no ritmo da música.
Leon me gira e eu solto uma risadinha.
Eu encaro seus olhos e sorrio ao ver seu sorriso.
Ele me pega em seu colo e eu enlaço minhas pernas em sua cintura, passo meus braços em volta de seu pescoço e mexo em seu cabelo, sem nunca parar de olhar seus belos olhos.
Me aproximo mais e dou um beijo rápido em seus lábios.
-Você é linda, sabia?- sussurra ele e então eu o beijo novamente.
Nosso beijo se tornou mais urgente a cada segundo.
Eu mordia seus lábios, Leon explorava minha boca e eu a dele, eu estava ficando sem ar, mas eu não ligava, poderia sufocar se isso significasse continuar a beijar Leon.
Ele me ajeita em seus braços e então começa a beijar e morder meu pescoço quando percebo minhas costas estão coladas na parede de madeira.
Eu fico um pouco tensa quando minha pele encosta na madeira gelada e Leon entende isso de forma errada.
-Desculpe- diz se afastando, mas ainda sem em soltar.
-Não, não, não- digo enquanto tento voltar a beija-lo, mas ele afasta mais sua cabeça da minha -o que foi?
-Hamm, você...- começa ele desviando o olhar e então percebo que sua pele parece ruborizar, eu solto uma risadinha ao perceber isso
-Sim- sussurro
Ele aperta mais meu quadril e eu o faço olhar diretamente em meus olhos.
-Quero- digo
Ele parece relaxar e então sussurra:
-Confia em mim?
-Se não confiasse não estaria aqui com você- digo e ele sorri.
⛤
Nota da autora:
Capítulo curto, eu seiiii.
Mas enfim, para aqueles que não gostam de uma leitura mais...sensual.
Recomendo que não leiam o próximo capítulo , pulem direto para o capítulo 24.
Eeeeee não esqueçam de comentaaar!
Só isso mesmo!
Um beijo e um queijo!❤
Finalmente... finalmente tudo oq eu queria. Capítulo ótimo, um dia uma Sabine aparece na minha vida kkkk
ResponderExcluir