Lua de Sangue- Décimo nono Capítulo

  

    -Aonde estão os outros?- pergunto ao adentrarmos mais a floresta para não corrermos o risco de sermos vistos.

   -Já devem estar chegando- diz Harry, algo me dizia que ele estava tenso.

   -Vamos esperar- sugeriu Luna

   -Concordo- diz Caleb.

    Nós nos entreolhamos e logo eu disse que tudo bem.

    Me sento ao pé de uma das enormes árvores, perto de Luna, Raven e Lissa que não se separava da garotinha.

   -Estão com fome?- perguntou Luna, oferecendo um saco lotado de maçãs, de onde diabos ela tirou isso?

    Nego com a cabeça.

   -Obrigada- diz Raven pegando uma maçã

   -Tsc- resmunga Lissa ao se sentar ao meu lado, talvez um pouco perto de mais.

   -Eu não mordo, mon amour- diz Lissa quando eu tento me afastar -só se você pedir.

    Dou um olhar do tipo``Me ajuda com essa doida!´´ para Luna que arregala os olhos e depois tenta engolir uma risada.

   -Vale o mesmo pra você peixinha- diz Lissa piscando para Luna que logo parece um pimentão, agora sou eu que dou risada.  

   -Credo, Lis- diz Raven -não liguem para a Lissa, ela gosta de provocar.

   -Eu passei mais de um século presa naquela droga de biblioteca- resmunga Lissa -me desculpe se eu quero me divertir um pouco.

    Ela se afasta mais da árvore e logo depois deita-se na grama úmida por conta do sereno noturno.

   -Você é bem bonita- diz ela a mim

   -Hm, obrigada- digo com um sorriso forçado

   -E comprometida- completa Luna.

    Eu quase engasgo com minha própria saliva e olho em volta para ver se Leon havia ouvido o que Luna disse.

    Ele estava perto de Harry e olhava fixamente para mim com um sorriso estúpido nos lábios, é claro que ele ouviu.

   -Que pena- diz Lissa seguindo o meu olhar -ele é uma delícia.

    Arregalo os meus olhos para Lissa que estava comendo Leon com os olhos.

    Sinto uma pontada de ciúmes e abraço a mim mesma na tentativa de não voar no pescoço daquela maluca.

   -Não fique assim- diz Lissa -eu ainda prefiro você.

    Ela pisca para mim e sinto que estou ruborizando.

   -Argh!- resmungo e me afasto mais de Lissa.   

    Fecho os meus olhos e tento relaxar.

    Começo a ouvir a conversa de Luna e Raven na tentativa de me desanuviar das gracinhas que Lissa disse a mim.

   -Qual a sua idade?- ouço Raven perguntar.

   -Dezoito, e você?- pergunta Luna

   -Depende de qual idade você está perguntando- diz Raven -qual você quer saber, a idade que eu tenho mesmo, ou a que eu aparento ter?   

   -Ambas?

    Raven ri e continua:

   -Fiquei presa naquela biblioteca por duzentos e noventa anos- diz ela -Milles me achou quando eu tinha dez anos, não envelheci desde então. Aquela prisão impede de envelhecermos, por isso meus avós estão vivos, humanos não duram tanto tempo.

   -Por que estava presa lá?- pergunta Luna

   -Foi uma forma de Milles punir minha família. Minha mãe teve um bebê, que no caso sou eu, com um transmorfo e ela era humana então...- Ela fez um gesto esquisito com as mão que eu não entendi muito bem -Milles matou meus pais e depois prendeu meus avós naquela biblioteca por me esconderem, depois de alguns anos ele me achou e me prendeu junto com eles, meus avós não entenderam o motivo de ele me deixar viva- Raven suspira -eles acham que também é uma forma de punição, eu não poder envelhecer e não poder ter uma vida, eles assistiram tudo isso de camarote.  

   -Sinto muito- sussurra Luna

   -Eu também- diz Raven -você conheceu seus pais, Luna?

   -Só minha mãe- admitiu Luna -meu pai era, ou é, humano e graças aquela lei ridícula de Milles que diz que  seres sobrenaturais não devem se misturar com humanos, eu não pude conhece-lo.

   -Pelo menos você teve sua mãe- murmura Raven -eu só sei como meus pais são pelas pinturas que meus avós guardam.

   -Quem liga para os pais?- interferiu Lissa -meus pais me odeiam e eu ainda estou aqui, viva, linda e extremamente poderosa, quer dizer, eu sou uma deusa, literalmente.

    Nós três piscamos algumas vezes enquanto encarávamos Lissa.

   -O que foi?- pergunta ela

   -Você é uma palerma as vezes- diz Raven

   -Olha só, pequena ave, está falando palavras de baixo escalão agora?- ironiza Lissa -estou tão orgulhosa!

    Raven apenas revira os olhos.

   -Como foi parar na prisão de Milles?- pergunto para Lissa, já que ela era tão poderosa, como ela foi pega por um simples vampiro como Milles, não é mesmo?  

   -História complicada- diz ela -briga com demônios, bebedeira e sexo selvagem.

   -O que?!- pergunto um pouco envergonhada com a falta de filtro de Lissa.

   -Sabe eu sou a rainha do inferno, tive uma pequena briga com meus queridos demônios, tive que matar alguns, mas sacrifícios precisam serem feitos não é mesmo?- ela não espera uma resposta e logo continua -bebi muito daquela frutinha roxa e depois achei um belo vampiro, o que eu não sabia era que ele trabalhava pra Milles, transei loucamente e depois enquanto eu estava em uma posição um pouco...hmm...- Lissa tenta imitar o jeito que ela estava na hora e eu desvio o meu olhar da cena esquisita

   -Nos poupe dos detalhes- peço e vejo Luna tampar os olhos de Raven que ri

   -Tudo bem, mas vou logo avisando que sem eles a história fica bem menos emocionante- Lissa sorri -bom, como eu dizia, eu estava com aquele belo vampiro quando ele me mordeu e me pôs um selo de aprisionamento, por isso daquela belíssima marca estar em um lugar tão... intimo? é intimo. Eu fiquei furiosa! queria experimentar com ele todos os meus métodos de tortura! eu quase o esganei com a corda do meu espartilho!- tive que engolir uma risada da cara que Lissa fez.

    -E foi isso- termina Lissa

   -Não é uma história tão complicada- diz Luna

   -Por que eu não contei os detalhes, as posições são um pouco complicadas de se imitar- Lissa sorri diabolicamente 

   -Que nojo- digo 

   -Talvez- admite Lissa.

    Ficamos nos encarando por um tempo antes de escutar Emma gritar.

   -Eles estão chegando!

   -Harry! Harry!- grita Beatrice ao longe, correndo na direção do amado

   -Trice!- Harry agarra Beatrice e a gira no ar e logo deposita um beijo em seus lábios.

   -Eca- dizem Luna e Raven em uníssono.

   -O que aconteceu com você!- pergunto correndo até Marie que estava escorada em Aaron

   -Lutamos e um dos guardas acertaram Marie- responde Aaron

   -Ela está bem?!- pergunto vendo o rosto de Marie, ela estava suada e mais pálida que o comum

   -Não

   -Como ela foi ficar desse jeito?

   -Com isso- diz Aaron mostrando uma flecha -está cheia de veneno de Lobisomem.

   -Eu cuido disso- diz Lissa -deita ela no chão

   -Não! Eu cuido disso!- diz Caleb

   -Quietinho bruxo- diz Lissa rodando os dedos no ar, Caleb fica parado como uma estátua, apenas seus olhos se movem e eles mostravam surpresa e medo -depois eu solto ele -diz Lissa para mim, acho que ela percebeu o meu espanto.

   -Tome isso- Lissa arranca o colar que estava em seu pescoço, era um tipo de frasco com um liquido esverdeado -é sangue de dragão, vai curar, mas beba logo!

   -Sangue de dragão?!- pergunta Emma -como você tem isso?!

   -É, sangue de dragão- diz Lissa revirando os olhos para Emma enquanto Marie bebia o líquido do frasco -não é tão difícil adestrar um dragão, é só você dar algumas pessoas para ele comer e pronto! ele te ama.

   -COMO É!?- pergunto.

   -Brincadeirinha!- diz Lissa -achei um filhote anos atrás, a mãe devia ter abandonado ele, estava doente, eu o peguei e cuidei.  

   -Isso é inesperadamente gentil- digo

   -Você não me deixou terminar- diz Lissa- eu o peguei, cuidei até que ele estivesse forte e depois o matei.

    Não pude dizer nada, apenas a encarei. Ela era uma bárbara! 

   -Não me olhei assim- diz Lissa - ele iria morrer de qualquer jeito, se eu o soltasse ele não saberia se cuidar sozinho, morreria no primeiro dia.

   -Poderia ter ficado com ele- diz Luna

   -Tente cuidar de um bicho com o tamanho de um castelo! Eu apenas o libertei. Ele está melhor no mundo dos mortos.

   -Hm- resmunga Luna

   -Não me olhem desse jeito, metade de vocês já mataram alguém, não estou certa?- Lissa nos avalia

    Ela está certa.

   -Era diferente- murmura May

   -Rá! Claro- Lissa revira os olhos -querem saber, podem me julgar por eu admitir que eu matei um bebê de dragão e mais pessoas que eu possa contar, mas ao contrário de vocês eu não me faço de inocente! Não tento justificar as mortes que cometi como atos de bravura ou sobrevivência como vocês, eu matei por que eu quis e por que achava divertido! Eu sou a rainha dos mortos! É isso que eu sou e não vou me desculpar por isso! E eu digo o que eu penso, e todos aqui são assassinos, menos a pequena Raven. Por enquanto, sabem porquê? O mundo sobrenatural se tornou cruel desde que Milles tomou o controle, e você precisa sobreviver, ou você é o caçador ou você é a presa, ou você mata ou é morto. Então que se dane o que vocês pensam.

    Nós apenas a encaramos.  

   -E caso eu não tivesse matado aquele pobre dragão a amiga de vocês morreria- diz Lissa - então não precisam agradecer!

    Lissa se levanta e vai até Raven com passos pesados e com os punhos cerrados

   -Lis, o rapaz por favor- Raven aponta para Caleb

   -Claro- ela faz círculos no ar com os dedos e Caleb volta ao normal -desculpe pequena ave.

    Raven assente com a cabeça e sorri para Lissa que bagunça os cabelos da garota. 

   -Agora vamos, Raven - Lissa começa a adentrar mais a floresta 

   -Aonde vão?- pergunto baixinho

   -Para o castelo

   -Mas...

   -Eu sei onde fica o castelo chérie- diz Lissa se virando para me encarar -não preciso que vocês me mostrem.

    Então ela e Raven somem de vista.                              

    Ok, eu me senti culpada por ter julgado a Lissa.

    Ela está certa. Todos aqui são assassinos, inclusive a mim.

   -Sabine?- escuto alguém me chamar, me tirando de meus pensamentos

   -Sim?- digo

   -O que foi?- pergunta Luna com uma cara estranha

   -Por que me chamaram- digo

   -O que?

   -Alguém me chamou- digo

   -Sa, ninguém te chamou- Luna me olha preocupada

   -Acho que me enganei- digo com um sorriso forçado 

    Marie tentava se levantar, o suor de seu rosto desapareceu e suas feições estão mais coradas, se é que um vampiro consegue ficar corado...

   -Eu ajudo- digo ficando perto de Marie, ela passa um de seus braços em volta de meu pescoço e se escora em mim, enquanto eu seguro sua cintura para ela não cair.

   -Obrigada- diz ela

   -De nada- digo sorrindo -Leon?- chamo que chega mais perto de mim

   -Sim?

   -Pode levar Marie em suas costas?- pergunto e ele afirma com a cabeça

   -Não é necessário- murmura Marie

   -Claro que é- digo

   -E você ira aonde?- debocha Marie

   -A pé, ora essa- digo sorrindo

   -É muito longe- diz ela, sua voz estava fraca

   -E é exatamente por isso que você vai com Leon, você não pode se esforçar

   -Eu não quero- teima ela

   -Eu não perguntei- digo com um sorriso -estou mandando, é uma ordem.

    Marie da uma risada fraca.

   -Tudo bem então- diz ela se aproximando de Leon, agora em sua forma lupina.

    Aaron se aproxima e a ajuda a subir enquanto Leon se abaixa.

    Leon começa a correr e nos deixa para trás.

    Ficamos apenas eu, Aaron e Luna para trás.

   -Estou tão orgulhosa!- diz Luna com um gritinho

   -Por que?- pergunto curiosa

   -O que você fez agora- diz Aaron -foi muito gentil

   -Ah!- exclamo

   -Foi uma verdadeira rainha- diz Luna -colocando alguém necessitado a sua frente, estou orgulhosa.

   -Não foi nada- digo um pouco envergonhada -Marie faria o mesmo por mim, qualquer um de vocês na verdade.

   -Eu não diria todos nós- sussurra Aaron

   -Como assim?- pergunto

   -Ah- diz ele espantado por eu ter escutado -alguns não são muito fãs de você, principalmente depois da morte de Cecile, eles não acham que a senhorita seja a melhor opção para ser a futura rainha, já que você não nasceu e nem foi criada no mundo Sobrenatural, e não sabe quase nada sobre os costumes, histórias, deveres e princípios de nosso reino.     

   -Bobagem na minha opinião- murmura Luna

   -Bom, eles não estão errados- digo e Aaron me olha espantado

   -Como assim? Não estão errados!? - Aaron quase ri de mim -você é a herdeira perfeita, conhece os costumes do mundo humano e  ainda é nova e pode aprender como ninguém os costumes daqui... Assim como sua avó e a mãe dela a mãe de sua mãe...

   -O que?- pergunto completamente confusa

   -Sa, nenhuma das antigas rainhas nasceram completamente vampiras, nasceram com sangue misturado ou completamente humanas- diz Luna

   -Hã?- foi a única coisa que saiu da minha boca 

    Eles riem.

   -Bom, por onde começamos?- diz Luna sorrindo para Aaron -vamos adiantar nossas aulas...

   -Ok- digo olhando curiosa para ela que sorri, seus olhos brilham.

   -Ágda- diz Aaron -ela foi a primeira humana a se transformar em vampira que governou Sienna...

   -Que foi seduzida pelo jovem príncipe Harald- completa Luna -ele a trouxe para o Mundo Sobrenatural e a transformou, eles se casaram, ela aprendeu os costumes, e se tornou Rainha... poucos realmente acreditavam que ela era uma transformada, ela sabia tanto...  

   -Logo depois eles tiveram uma filha, que nasceu meio humana- diz Aaron -ela foi batizada como Siv, o nome fazia referencia  à deusa da mitologia nórdica que é a esposa do deus Thor, já que muitos diziam que ela era idêntica a deusa, tinha belos cabelos dourados, como o sol...

    ``Eles a transformaram e ela se casou com o nobre príncipe Bartoldo...

   -Bartoldo?- pergunto -que graça de nome.

    Luna solta uma gargalhada do meu comentário irônico.

   -Tá, espera- eu digo percebendo um detalhe estranho dessa história, mais que o nome Bartoldo -se ela era princesa, e se casou com um príncipe... ele não era um vampiro?

   -Ele era... entenda senhorita, Sienna era o maior dos  reinos do Mundo Sobrenatural a milhares de anos, as terras eram divididas e cada pedaço era governada por um rei...- diz Aaron 

   -Ah- digo -entendo... Mas porque não existem outros reis? ou príncipes? ou qualquer outra coisa...

   -Catarina- começa Luna -ela era uma vampira, era jovem, mas forte...

   -E bastante esperta- diz Aaron -ela era uma sangue puro, filha de dois vampiros, mas ainda sim tinha sangue humano correndo em suas veias.

    ``Ela era neta mais nova de Siv e Bartoldo, reis do Norte. Catarina tinha muita ambição, ela não queria mais ser uma princesa, ela queria ser rainha, e ela sabia que isso talvez nunca acontecesse, já que ela era a mais nova de treze irmãos, mas também não queria ser rainha apenas de um único reino, ela queria mais, queria ser rainha dos quatro reinos de Sienna. Então ela estudou meticulosamente os reis dos outros três reinos, descobriu todas as sua fraquezas, sua defesas... Ela sabia como atacar e destrui-los sem ser notada, ela era muito inteligente e sabia de sua força.

   -Ela esperou até que as três Luas se alinhassem para atacar, isso intensificaria sua força sobrenatural...

   -As três Luas?- pergunto

   -Sim, a Lua de Sangue, Lua Azul e a Lua de Prata- diz Aaron- elas se alinham a cada trinta anos, juntas ela intensificam nossos poderes, a um ponto quase enlouquecedor.

   -E por uma simples coincidência- diz Luna -Catarina nasceu no ano do alinhamento da três Luas.     

   -Por isso ela era tão forte- diz Aaron- bebês que nascem no Alinhamento tendem a ter uma força esmagadora comparada com os outros seres sobrenaturais...

   -E depois de trinta anos- diz Luna -o ``super poder´´ de Catarina iria aumentar e ela seria invencível.

   -E assim foi, na noite do Alinhamento ela atacou, sozinha, os quatro reinos. 

    ``Ela acabou com exércitos, famílias inteiras. Sozinha- Aaron fez questão de enfatizar a palavra sozinha.

   -Mas e a família dela?- pergunto -eles não ficaram do lado dela, não é?

   -Não- admitiu Aaron -uma noite antes do ataque, ela propôs um jantar em família, um magnífico banquete.

   -Ela envenenou a comida- diz Luna -com veneno de Lobisomem

   -Ela matou todos?!- exclamei espantada

   -Os pais e todos os outros doze irmãos- confirmou Luna

   -Ah, que ótimo- digo -eu descendo de uma maluca assassina que matou a própria família 

   -E alguns milhares de outras pessoas- diz Aaron 

   -Continuando- diz Luna- Catarina tomou as quatro coroas e formou um único e grande império. Ela era temida por todos, menos por um único rapaz...

   -Domenico era um jovem bastante destemido, ele desafiava Catarina constantemente. Toda essa coragem atraiu Catarina, ela queria um aliado com as qualidades de Domenico. Eles se casaram, até que ela se apaixonou verdadeiramente, do jeito dela, por ele. Ele amava Catarina mais que a própria vida, mesmo ela sendo um monstro, ele a fez mudar. 

   -Então eles tiveram um menino, Alexandre.

   -Ele era tão forte quanto a mãe- diz Aaron -mas era bondoso como o pai.

   -Resumindo- diz Luna -ele não era um monstro como Catarina, ele usava sua força para ajudar os moradores do reino.

   -Então veio a grande seca, não havia comida, não havia água, era um caos

   -Alexandre teve a brilhante ideia de ir até o mundo humano para tentar resolver a fome dos vampiros sanguinea

   -Vampiros o que?- pergunto

   -Sanguinea- diz Luna -vampiros que se alimentam de sangue

   -E não são todos os vampiros que se alimentam se sangue?- digo com uma risada

   -Não- diz Aaron sorrindo -alguns se alimentam de energia

   -Vampiros energi - explica Luna -eles absorvem a energia dos outros vampiros ou outros seres, ou até do ambiente.

   -E também temos os vampiros emocione

   -Deixa eu adivinhar- digo sorrindo -esses se alimentam de emoções?

   -Exatamente- diz Aaron com um sorriso -mas como eu dizia...Alexandre foi até o mundo humano à procura de sangue, ele escolheu quinze humanos para servirem de alimento- sinto um arrepio na espinha com essa parte da história -eu sei, um pouco macabro, mas era isso que ele deveria fazer, era o melhor para o povo.

   -Dentre esses humanos, havia uma garotinha, Helena.- diz Luna -ela tinha apenas sete anos.

   -Alexandre não achou certo mata-la, então ele a trouxe para Sienna e a treinou para ser a melhor nas artes da luta, bruta como uma guerreira e delicada como as damas daquela época.

   -Helena cresceu e se tornou uma jovem belíssima, a mais bela do reino alguns diziam- diz Luna com um sorriso -Alexandre estava fascinado pela  jovem moça humana. Então ele a pediu em casamento.

   -Ela não queria, de forma alguma, se casar com o príncipe. Ela estava apaixonada por outro, Oliver... Mas ele não desistira tão fácil dela- disse Aaron -Alexandre matou o amado de Helena e a transformou em uma vampira.

   -Mas uma coisa que ele não sabia era que ela carregava um bebê do jovem camponês, Alexandre ficou enfurecido. Esperou a criança nascer e a separou da mãe, levando-a para o Campo das Almas

   -O príncipe matou o bebê?- pergunto -parece que ele era sim um monstro como Catarina...

   -Helena achava que Alexandre havia matado o seu bebê- explica Luna -mas ele apenas deu a criança para um jovem casal camponês, da família de Oliver, ele apenas precisava que Helena achasse que seu filho estava morto, assim ela não iria atrás da criança e ficaria com ele.

   -Ela se casou contra sua vontade- diz Aaron -e o casal precisava de herdeiros, então assim nasceu a pequena Yasmine.

   -Aonde estão essas pessoas- pergunto -se eram vampiros não devem ter morrido assim tão fácil, principalmente Catarina...

   -Alguns dizem que eles estão adormecidos- diz Aaron -outros acham que estão mortos, besteira na minha opinião, eram uma família muito poderosa para simplesmente terem morrido.

   -O que aconteceu com a filha de Helena e Alexandre?- pergunto tentando mudar de assunto

   -Yasmine era mãe Cecile, senhorita- diz Aaron -ela morreu na Grande Guerra, junto com seu marido Alec e seus filho Arthur, Isobel e Clara...

   -Só sua avó sobreviveu...

   -Ah- é apenas o que digo -por que Milles matou a todos? De onde veio tanto ódio pela minha família?- murmuro

   -O ódio de Milles pela família real é compreensível- diz Aaron

   -Como?- pergunto encarando-o 

   -Alec e Yasmine caçaram a companheira de Milles.

   -Por que!?- pergunto completamente confusa

   -Ela seria a ruína de seus filhos e do reino- diz Luna -o que eles não sabiam era que isto só aconteceria se eles a matassem.

   -Milles ficou maluco, juntou seguidores e atacou o castelo, matando quem se colocasse no caminho.

   -Até mesmo o próprio irmão- murmura Luna

   -O pai de Max e Marie?

   -Não, só de Max. Eles são apenas filhos da mesma mãe.- conclui Luna

   -Mas a Grande Guerra foi a trezentos anos trás- solto uma risada esquisita -como ele pode ser pai de Max?! Ele só tem um século de vida...

    Luna e Aaron riem e eu os encaro.

   -O que foi?- pergunto

   -Max tem quase quatrocentos anos de vida, Sa.

   -Aquele mentiroso de araque!- murmuro e eles riem mais ainda   

   -Foi o pai de Max, Marcus, que matou a companheira de Milles- diz Aaron -ele era líder da guarda real, o melhor guerreiro, era um dos Lendários.

   -Lendários?- pergunto

   -Eram nove no total, os Nove Lendários- diz Aaron com um sorriso -os mais fortes e mais habilidosos soldados do Mundo Sobrenatural. Era impossível vence-los 

   -Tão impossível que Milles matou um...- sussurro    

   -Marcus se sacrificou pela família e pelo reino!- repreendeu Aaron -se não fosse por ele, nenhum de nós estaríamos aqui hoje! Se não fosse por ele não teríamos nosso palácio intacto, não teriamos onde viver, então eu peço um pouco mais de respeito senhorita...

   -Desculpe- digo abaixando a cabeça -e os outros? quero dizer, os outros oito Lendários?

   -Ainda estão por ai- diz Aaron -em outros reinos

   -E por que eles não...mataram Milles ou qualquer outra coisa como essa, deve haver algum código de honra ou sei lá, pra alguém que mate outro Lendário...

   -Marcus deixou uma herdeira- diz Luna 

   -Hã?

   -Ele treinou Marie para ser uma Lendária- explica ela -ele deixou a Marie em seu lugar.

   -Mas por que ela, e não Max, já que ele era realmene seu filho...

   -Marie era mais velha e sejamos sinceros, mais responsável que Max- diz Aaron -ele também treinou Max, mas não tão arduamente quanto Marie.

   -Ela nunca perde uma luta- diz Luna com um sorriso -a não ser quando ela tenta salvar alguém...

   -Mas...- começei mas Aaron me interrompe:

   -Já estamos chegando- ele aponta para o palácio, estamos dentro do jardim, eu mal percebi quando chegamos. Aaron se vira para mim e faz uma reverência -foi um prazer ensina-la Alteza.

   -Obrigada, Aaron- digo retribuindo a reverencia e Luna ri, ela sabe que eu odeio essas coisas

   -Até mais tarde, meu amor- ela se aproxima de Luna e deposita um beijo em seus lábios. Meu queixo caí! 

   -Até- sussurra Luna para ele que sai andando pela direção oposta que nós

    Espero ele se afastar um pouco mais de nós para começar o meu interrogatório

   -POR QUE VOCÊ NÃO ME DISSE NADA!- quase grito para Luna que está vermelha

   -Não havia nada a contar- diz sorrindo

   -Ah, claro! - debocho -desse jeito você parte meu coração, pensei que confiasse em mim

    Digo com uma falsa tristeza enquanto faço bico.

   -Cale a boca, Sa!- ela ri e eu também

   -Que bom que está feliz- digo -é o que importa!  

   -Awnnn, que lindo- ela diz rindo -é, eu estou feliz... Aaron quer marcar a data do noivado...

   -Noivado?- pergunto espantada -mas a quanto tempo vocês...   

   -A alguns meses- diz ela com um sorriso tímido

   -Não é muito cedo?- pergunto

   -Não, Sa.- ela diz sorrindo -aqui, no Mundo Sobrenatural, o casamento é marcado assim que os laços de companheiros é completo...

   -Como?

   -Bom, como posso explicar... A ligação dos escolhidos... Acontecem com bruxas, Lobisomens, ninfas, elfos, como Aaron- ela sorri ao dizer o nome dele -é muito especial, único e extremamente importante! Quando um laço desses acontece, fazemos festas e consagramos a união para fortalecer nosso laço...

   -Isso é... interessante- digo me lembrando do que Leon havia me dito sobre esse papo de escolhidos

   -Sim!- Luna enlaça seu braço ao meu e voltamos a andar -e então depois que o laço se completar, o casamento é marcado...

   -E eu achava que esses laços só aconteciam com Lobisomens...

   -Não- ela da uma risadinha -ah! Uma pequena curiosidade sobre a ligação com  Lobisomens...- ela solta uma risada e eu a encaro -a consagração para a união de companheiros demoram entre três a cinco dias...Então boa sorte!

    Ela ri mais ainda e eu a encaro sem entender.

   -Por que está rindo?- pergunto encarando-a

   -Sa, você sabe como é feita a consagração?

   -Não- digo ainda mais confusa

   -Sexo, Sa!- diz rindo e eu sinto meu rosto queimar -a consagração é feita através do sexo!

   -Ah!- digo enquanto arregalo meus olhos -de três a cinco dias!? 

   -E a vontade de produzir bebês.. uau! É muita! Está no sangue dos seres sobrenaturais produzirem herdeiros, assim temos certeza de que não iremos sumir...- ela ri de seu próprio comentário 

   -Filhos? Ah...- digo um pouco desconfortável -eu e Leon somos tão diferentes, mesmo que ele tenha sido "feito" especialmente para mim, eu sou muito nova para casar, ter filho... mas.. Ai eu não sei!

   -Essa história de idade, não tem nada a ver aqui... Se você gosta dele, tem que ficar com ele, e o seu instinto vai "dizer", bom, praticamente implorar para você ter filhos, então você terá seus lindos e belos bebês Vampiros.. e lobisomens... isso é estranho... bebês mestiços, vampiros e lobisomens... não é uma coisa que vemos todos os dias  

   -Eu não sei não...- ok, talvez me agradasse a ideia de me casar e ter filhos com Leon, mas eu jamais admitiria isso em voz alta, pelo menos não agora.

   -Cinco dias- murmuro e Luna volta a rir  

   -Exatamente- ela ri e eu olho feio para ela que mostra a língua como uma criança -mas relaxe, provavelmente isso só acontecerá quando você for uma vampira, e bom... isso é daqui duas semanas...

   -Duas semanas?- pergunto -mas já? O tempo passou tão rápido...

   -Demais- ela sorri -você será uma ótima rainha, Sa! E eu vou fazer o possível e o impossível para que isso aconteça! Você será perfeita! 

   -E eu vou me esforçar, quero ser uma boa rainha, mesmo não entendendo quase nada sobre... ainda bem que eu tenho você- digo apertando mais nossoa braços- você me lembra uma amiga minha... sinto falta dela.                        

   -Algum dia você poderá ve-la não se preocupe- Luna tenta me confortar -como era o nome dela?

   -Alice- digo sorrindo -Luna...

   -Sim?

   -Se eu não for madrinha do seu casamento com Aaron- digo sorrindo, eu não fazia ideia se casamentos de seres sobrenaturais tinham madrinhas, mas resolvi arriscar -eu nunca vou perdoar você!

    Nós duas rimos.

   -Você será, pode ter certeza disso!- ela me abraça e começa a se afastar -até mais tarde, Sa!

   -Até, Luna!- grito e vou para dentro do palácio

   -Sabine?- ouço a mesma voz de hoje mais cedo, olho em volto, mas não há ninguém -Sabine...

    E então tudo fica preto. 

 

                                                                     ⛤