Lua de Sangue- Capítulo especial (20)

                                                             

                                                                                                  👆 Jasmim-manga


    Atenção!!!
    Fotos dos personagens no final do capitulo!
              um cheiro e um queijo! ❤


    Eu tinha acabado de completar meus sete anos quando fui levada para o Mundo Sobrenatural, junto com outros de minha espécie.
    Estava escuro e quente. 
    Um homem que se dizia ser um príncipe nos encaminhou até uma pequena carruagem e disse que serviríamos a um propósito maior.
    Seriamos heróis, salvaríamos um povo inteiro!
   -Qual o seu nome?- pergunta o príncipe
   -Helena- respondo baixinho, estava hipnotizada por sua exuberante beleza.
    Seus cabelos eram repletos de cachos negros, contrastando com sua pele pálida.
   -Helena!- diz sorrindo, seus dentes eram afiados e brancos como porcelana -você será minha rainha...
    Ele me tirou de perto dos outros humanos e me pegou no colo 
   -Cuidarei de você... Te ensinarei a lutar e será educada como uma verdadeira princesa! Você quer ser minha rainha pequena Helena?
    E é claro que como toda a garota de sete anos, meu sonho era ser uma princesa, a minha resposta foi sim.  
    Grande erro! Preferiria o mesmo destino dos outros de minha espécie, a morte.
    Quando chegamos  ao grande palácio, fui recebida pelos reis e realmente fui tratada como uma princesa.
    Durante o dia todo eu e meus companheiros humanos, fomos servidos pelas melhores comidas e os homens pelas mais belas mulheres... se é que me entende.
    Depois, tarde da noite, todos fomos trazidos para o Salão Principal para mais um banquete.
    Ele estava cheio de pessoas como o príncipe e os reis.
    Todos vampiros.
    Foi quando um sino foi tocado, quinze vezes.
    Na ultima badalada, estávamos cercados.
    Foi quando a matança começou.
    Havia monstros por todos os lados e os humanos, eram a comida.
    O cheiro de sangue queimava meu nariz.
    Eu gritava desesperada para o príncipe, procurando-o.
    Quando uma mulher, alta, loira e belíssima assim como todos os outros, agarrou minha cabeça.
   -É pequena, mas é perfeita...- sussurrou ela em meu ouvido chegando cada vez mais perto de meu pescoço nu.
    Quando ela estava prestes a me morder, sua cabeça rola para o lado e eu grito, desesperada.
    Todos ao meu redor estavam parados... foi quando eu vi o príncipe, ele arrancou a cabeça da loira.
   -Se algum de vocês chegarem perto da criança- gritou o príncipe -eu mesmo arrancarei o coração de vocês!
    Todos o encaravam, então ele suspirou e me pegou no colo, tirando-me do Salão.
   -Você está bem?- pergunta o príncipe, colocando-me em uma cama extremamente macia.
    Apenas balanço minha cabeça, afirmando.
   -Perdoe-me- diz ele, seus olhos cinzas estavam marejados -perdoe-me, por favor!
    Ele ajoelha-se perto da cama, ainda afastado de mim.
    Eu não entendia o por que do príncipe estar chorando, eu havia feito algo errado?
   -O que eu fiz?- pergunto encarando seus olhos
    Ele pisca algumas vezes e me encara com uma careta.
   -Ora, você pequena Helena, não fez nada!- ele diz se aproximando -eu que fiz, então perdoe-me! Sinto por não ter te tirado de perto dos outros humanos! Você poderia estar morta...
    Ele se levanta e enxuga as lágrimas que caíam de seus olhos.
   -Não suportaria vê-la sem vida...
   -Eu o desculpo- digo olhando fixamente seus olhos
    Ele da um pequeno sorriso e depois anda até a porta.
   -Aproveite o seu novo quarto- diz ele -tratarei de treina-la o quanto antes e chamarei uma de minhas servas para ensina-la a comportar-se como uma dama... Até pequena Helena...
    Assim que ele saiu, eu como uma criança curiosa, fui olhar cada canto de meu novo quarto.
    Era incrível!
    Olhei pela grande janela e estava escuro, já estava com meus olhos pesados.
    Fiz uma marca perto da janela.
    Era a primeira letra do meu nome. Um "H" mal feito, mas ainda era um "H".
    Então me acomodei na enorme cama e puxei os lençóis de seda, para livrar-me do frio e logo adormeci.
 
                                                                        ⛤⛤⛤
 
    Lembrar de meu passado era doloroso, já se passaram onze anos desde que Alexandre disse que me queria como sua Rainha.
    Claro que a Rainha Catarina não gostou nada da ideia.
    E eu também, continuo me amaldiçoando todos os dias por ter dito sim para Alexandre, tudo mudou quando conheci Oliver... Ele é o amor da minha vida!
    Mesmo que eu ainda seja apenas uma humana e ele um vampiro... mas eu não me importo! é ele que eu amo não Alexandre. Oliver, ele sim me trata como uma rainha. 
    Alexandre ficava mais amargo a cada dia depois que conheci Oliver. Ora, mas não era o próprio príncipe que dissera que a minha pessoa precisava sair mais do palácio e conhecer mais o povo de Sienna?!
    Bom, eu não ligo!
    É com Oliver que irei me casar! Com quem terei minha vida, meus filhos!
    Não com um príncipe mimado e amargo como Alexandre.
   -Princesa?- chama Gwendolyn me tirando de meus pensamentos - o príncipe quer saber se a senhorita está pronta para o jantar...
    Gwendolyn era minha única amiga no palácio, era a única que sabia de minhas escapadas com Oliver para a Floresta de Idylla, a única que sabia de meus segredos.
   -Não sou princesa, Gwendolyn- digo me virando para ela que ri de minha irritação -e estou quase pronta, ajude-me a amarrar meu corselete, por favor...
   -Claro- ela entra em meus aposentos e fecha a porta, ela me olha pelo espelho e sorri e então faz uma careta quando pousa seus olhos ao pé de minha barriga- está começando a aparecer, Helena...
   -Eu sei- digo baixinho, eu esperava um bebê de Oliver, e eu fiquei radiante com a notícia! Mas minha felicidade durou pouco quando Alexandre me pediu em noivado, é claro que eu recusei, mas eu sabia que ele não desistiria e temia pelo o que ele pode fazer a Oliver e ao meu bebê, não temia pela minha vida, pois sabia que ele não me machucaria, pelo menos não fisicamente, ele nem conseguiria!
    Alexandre me treina desde meus sete anos.
    Aos meus quinze eu já sabia bater, cortar, chutar, atirar e matar.
    Ele não chegaria perto de mim, nem perto do meu bebê.
    O que me preocupa é como eu irei defende-lo quando ele nascer...
    Eu estarei fraca por causa do parto, e Alexandre é sujo o suficiente para tira-lo de mim logo que ele saísse de meu ventre.
    Eu sei que Oliver e sua família lutariam pelo nosso bebê, mas eles não eram guerreiros, eram apenas simples camponeses que trabalhavam com a exportação de nossos recursos para outros reinos.
    Fico desesperada somente por pensar na morte daqueles que amo.
    E eu nem poderia fugir, Alexandre me encontraria. Ele é um rastreador, ele é o melhor.
   -Helena?- chama alto minha amiga
   -Ah, sim Gwen... O que foi?- pergunto
   -Por que chora, minha querida?- ela pergunta baixinho passando a mão em minha face para tirar uma lágrima que caia de meus olhos.
   -Eu o odeio!- sussurro enquanto passos as mãos em meus olhos na tentativa de afugentar as lágrimas traiçoeiras.
   -Eu sei- sussurra ela -mas ele não fará nada a você!
   -Sei disso Gwen, estou preocupada com meu bebê, com Oliver!- começo a andar de um lado para o outro, tentando clarear meus pensamentos -se Alexandre os machucar, eu o mato!
   -Não, querida, não diga isso!- Gwendolyn vem ao meu encontro e segura meus punhos -você terá esse bebê aqui, no palácio! Assim poderei cuidar do pequeno e terei certeza de que você ficará bem...
   -Você não entende! Ele vai descobrir! Ele já percebeu que meu cheiro está diferente! Ele vai matar Oliver e o meu bebê!- sinto vontade de gritar, mas me controlo, não posso correr o risco que alguém nos escute -ele vai mata-la também! Gwen, você me ajudou a sair do palácio para me encontrar com Oliver, ele saberá que foi você! Eu sinto tanto! Perdoe-me por tê-la envolvido... por favor!
    As feições de minha amiga se tornaram mais pálidas que o comum, Gwendolyn era uma fêmea muito bela, seus cabelo eram ruivos como os meus, sua pele era mais branca que a minha pelo fato de ela ser uma vampira... Seus olhos eram diferentes dos meus, eram castanhos e os meus verde-esmeralda. 
    Gwendolyn segura minhas mãos e as aperta, uma lágrima escorre de seu rosto.
   -Não diga besteiras, você não tem culpa de nada...- ela olha diretamente em meus olhos e afaga minhas mãos -eu a ajudei por que a amo como uma irmã, e se tiver que morrer por isso, eu farei! E eu lutarei, não deixarei que o príncipe encoste um dedo na sua criança! Você não teve culpa de se apaixonar Helena... Você amou Oliver e o fruto de seu amor é essa bela criança que você carrega em seu ventre! 
   -E-eu...
   -Não!- ela me interrompe -eu a amo Helena... Você é a única família que eu tenho... Alexandre não fará mal a nós, você verá. Ele a ama e não lhe causará esse sofrimento!
    Ela arruma a barra de seu vestido e volta a me olhar.
   -Agora se arrume! Hoje é seu aniversário de dezoito anos! O príncipe e os reis estão nos esperando no Salão!- Gwendolyn se afasta de mim e vai até a porta -direi que você chegara em instantes...Você está linda Helena, a mais linda garota do reino- ela sorri para mim e eu retribuo -a maternidade caiu bem em você!
    Eu sorrio para ela e digo:
   -Eu te amo Gwen, obrigada!- ela sorri 
   -Eu também a amo!- e então ela sai pela porta.
    Respiro fundo e me olhos no espelho.
    Ela pode ter razão, Alexandre não me machucaria de tal forma...
    Assim que termino de me arrumar, vou em direção do Salão.
 
                                                                           ⛤⛤⛤    
 
    Sento-me ao lado de Alexandre e Gwendolyn.
    Ele me encara com um sorriso malicioso nos lábios, analisando minhas vestimentas, seus olhos pousaram em meus seios que quase pulavam de meu vestido.
    Sinto-me ruborizar e ele volta a encarar meu rosto.
   -Está linda minha rainha- ele sussurra em meu ouvido e sinto uma pontada de raiva de Alexandre.
   -Obrigada- digo entre dentes, mas ainda assim tentando parecer educada
    Olho para Gwendolyn que me encara com um sorriso, não era um sorriso comum.
    Era um dos sorrisos que eu conhecia muito bem, havia algo errado.
    Olho para Alexandre que me encara pacientemente, um sorriso estampado em seu rosto e isso não era comum, ele odiava jantares reias tanto quanto eu.
   -Que  nos tragam a comida!- ordena ele aos criados sem nunca parar de olhar para mim.
    Olho para Rainha Catarina que também me olha com preocupação.
    Definitivamente algo estava errado! Catarina nunca me olhou assim... com compaixão.
    Sinto um arrepio na espinha, tem algo muito errado! E eu sou a única que não sabe...
    Os servos de Alexandre trouxeram-nos bandejas cheias de comida, eram carnes, peixes e frutas de meu mundo. A mesa estava farta.
   -Sirvam-nos- diz o príncipe
    Uma criada chega até a mesa e eu quase engasgo quando eu analiso seu rosto, era uma das irmãs de Oliver.
    Pela deusa, que Alexandre não tenha feito nada!
   -Esta tudo bem minha Rainha?- pergunta Alexandre 
   -Sim- respondo tentando acalmar meu coração
   -Seu coração está acelerado- murmura o príncipe -não gostou de algo...
   -Não é nada- eu o corto -está tudo bem!
    Sorrio para ele que me encara alguns segundos antes de concordar com a cabeça e voltar-se para a comida e então se levanta com uma taça de sangue.
   -A mais bela donzela do reino!- diz ele olhando para mim -minha Helena hoje completa dezoito anos, a idade em que nós de nossa espécie se tornam vampiros!  
    Tento não arregalar meus olhos com o comentário de Alexandre e quase não prestei atenção no que ele disse a seguir.
   -A minha Rainha, Helena!- ele brinda e então eu tomo um gole de meu vinho -agora o meu presente!
    Quase engasgo com o vinho ao escutar Gwendolyn rosnar ao meu lado, um som que vinha do fundo de sua garganta.
    Seguro sua mão e ela me olha preocupada.
   -Podem entrar!- grita o príncipe.
    Sinto o sangue se esvair de meu rosto.
    Era Oliver.
    Ele estava amarrado e com vários cortes espalhados por seu corpo, cheio de hematomas.
   -Mas o que é isso!- eu quase grito.
    O príncipe me olha com um sorriso maligno nos lábios.
   -Meu presente, para a minha bela e adúltera esposa- ele diz me encarando -achou que iria esconde-lo de mim, esconder o verme que você carrega em seu ventre!
    Me levanto e tento correr até Oliver.
   -Solte-me!- grito para os guarda de Alexandre que estavam me segurando -Oliver!
   -De agora em diante, todos os seres sobrenaturais que habitam Sienna, estão PROIBIDOS de irem até a Floresta de Idylla e caso desobedeçam a minha ordem pagarão com a vida!- grita Alexandre
   -Helena!- murmura Oliver tentando se levantar, mas Alexandre chuta-o para cala-lo
   -Alexandre!- grito -solte-o, por favor! Não o machuque! Eu imploro!
   -Ah... Helena- diz Alexandre -deveria ter pensado nesse jovem rapaz antes de se aventurar, a culpa é sua! Viverá sabendo que por sua culpa, seu amado irá morrer!
   -Não!- grito me soltando dos dois guardas que me seguravam, enfiando uma espada no coração de cada um 
   -Podem mata-la -ouço Alexandre dizer e penso que ele está falando de mim, mas então o grito de Gwendolyn ecoa pelo Salão -Gwen!
   -He...le...na- murmura ela -me perdoe, não pude salva-los
    Corro até ela e a tomo em meus braços, sinto lágrimas caírem ferozmente de meus olhos
   -Tudo bem, tudo bem- murmuro olhando para estaca que estava cravada no coração de Gwendolyn- você vai ficar bem, me perdoe, por favor. Perdoe-me!
   -Eu te amo, querida irmã- sussurra ela antes de seu corpo ficar rígido 
   -Eu também -murmuro chorando
    É agora que eu mato Alexandre!
    Arranco a saia de meu vestido.
    Viro-me e corro até ele, matando quem entrasse em meu caminho.
   -Não, não, não- diz o príncipe -você provocou isso Helena, se tivesse sido fiel, nada disso teria acontecido.
   -Eu e você não temos nada!- grito, quebrando o pescoço de um de seus servos -Nada, Alexandre!
   -É ai que você se engana- diz sorrindo -na noite em que eu te salvei de Isabele, você pertenceu a mim!
   -Aquela vampira loira?!- rio com escárnio -eu nuca fui sua Alexandre, nunca! Entendeu? 
   -Pode até ser...- diz -mas agora, você me pertence, você vai me amar! Algum dia... teremos a eternidade para isso!
    Nesse momento ele acerta uma faca em meu peito, sinto meu corpo ficar fraco, mas não ligo... preciso chegar até Oliver!
    Quando estou a alguns passos de distância eu perco o controle de minhas pernas e caio no chão.
   -Foi sua culpa- repete o príncipe antes de enfiar uma estaca no coração de Oliver.
    Sinto novamente as lágrima caindo de meus olhos e continuo a me arrastar na tentativa de chegar até Oliver.
    Pelo menos morreremos juntos!
    Eu, Gwen, Oliver e o meu bebê.
   -Eu coloquei o meu sangue no vinho- sussurrou Alexandre quando eu me enterrei no peito de Oliver, abraçando-o -você será igual a mim, e se não quiser que a criança que está carregando morra, você se casará comigo! Você será minha rainha e somente minha.
    Apenas chorei, a dor de ter sido vencida por Alexandre, a dor de perder as pessoas que eu mais amava no mundo era esmagadora.
    A dor de perder a minha liberdade. 
    Comecei a me sentir sonolenta, então apenas fecho meus olhos, esperando pelo meu destino.
    Quando eu enfim acordar, serei como aquele que eu mais odeio, serei uma vampira.
    Sei que a sede que eu sentirei não será nada comparada com a fome que passei quando era criança.
    A sede irá me consumir.
    Tudo o que eu posso pensar é no meu pequeno,  eu farei de tudo para ele não ser como eu, nem que tenhamos que no separar.
    O mandarei para o mundo humano.
    Está decidido.
 
                                                                                ⛤⛤⛤ 
 
    Alexandre   
 
 
    O choro invadiu os corredores do palácio.
    Como um ser tão pequeno consegue fazer tanto barulho?!
    Vou até a porta do quarto em que Helena estava. Ela segura a criança em seus braços, passando a mão pela sua pequenina cabeça, seus lábios estão curvados em um sorriso radiante. Ela está linda como sempre.
    Junto a ela está minha mãe, uma de suas criadas e a parteira.
   -Como vai chama-lo?- pergunta a parteira
   -Não sei ainda- sussurra Helena- Filipe... Era o nome do meu pai...ou talvez eu o chame de Marcus, um pequeno guerreiro...
   -São belos nomes- diz a criada de minha mãe 
    Entrando dentro do quarto vejo melhor as feições da criança e por um pequeno segundo, consegui me ver amando-a como meu próprio filho, mas então vejo que é loiro como o pai, uma cópia idêntica!
    Meu coração se encheu de ódio, como no momento em que eu soube que Helena dormia com outro macho e esperava um filho dele.
    O sorriso de Helena some assim que ela encontra meu olhar.
   -Não, por favor...- ela implora se agarrando mais ao pequeno macho que ela segurava
    Agora não é hora de fraquejar, Alexandre!
    Me aproximei mais da criança e a tomei dos braços de Helena que lutava e gritava, desesperada pela vida de seu filho.
   -Deixe querida- diz minha mãe impedindo que Helena se levantasse e viesse atrás de mim -é melhor assim! Você poderá ter outros filhos, você uma fêmea jovem e bastante fértil!
   -Não! Você prometeu, Alexandre!- gritava Helena com os olhos marejados, lutando contras os braços de minha mãe e sua criada -Devolva-me o meu bebê! Por favor, Alexandre, não! Não parta meu coração desta maneira!
    Sem pensar duas vezes eu crio uma imagem na mente de Helena.
    Eu me virava para ela e decapitava o pequeno bebê.
    Ouço os gritos de Helena se intensificarem.
   -Eu o odeio!- gritava ela -o odeio, Alexandre!
    Ela cai nos braços de minha mãe que afagava os belos cabelos acobreados da minha fêmea.
    Saio do quarto junto da parteira e a criada de minha mãe, segurando a criança em meus braços.
   -A criança morreu- digo -se alguma de vocês disserem o contrário, pagaram com a própria vida e daqueles que mais amam!
    Elas confirmam com a cabeça.
   -Cuidem da minha noiva- digo baixando o olhar -deem todos os cuidados e o apoio.
   -Majestade- começa a parteira -por que fazer a mãe da criança sofrer de tal maneira? Perdoe-me a intromissão...
   -Não posso conviver com o filho daquele que desonrou minha fêmea como se fosse sangue do meu sangue... Ele ficará melhor com a família do traidor- dito isso saio e deixo as duas que me encaram e vou direto para a Floresta de Idylla como eu havia dito as irmãs do traidor.
    Chegando eu pude vê-las , estavam juntas de seus companheiros.
   -Majestade- dizem fazendo uma reverência 
   -É a criança?- pergunta a irmã mais nova de Oliver, ela sorria ao ver a semelhança do bebê com seu irmão.
   -Sim- digo passando o bebê para seu colo
   -E Helena?- pergunta a mais velha
   -Arrasada- confesso
   -Sinto muito por isso- sussurra a mais nova, ainda olhando encantada para o bebê 
   -O bebê é lindo- diz um dos machos, o companheiro da mais nova 
   -Meu bebê...- sussurrava a mais nova para a criança que começava a choramingar -não acredito que Helena concordou em dá-lo...
   -Ela acha que o bebê morreu- digo e eles me olham espantados
   -Ora seu...!- a fêmea mais velha começou a vir para cima de mim, até que seu macho a segurasse- Como pode! Ela é a mãe! Tem o direito de cuidar da criança! Tem o direito de saber que o bebê está vivo!
   -Vai mesmo desobedecer as ordens do rei!- digo fervendo de raiva
   -Deixe-o, Lucia!- repreende seu macho
   -Não pode concordar com isso irmã!- diz Lucia descontrolada -Cataline!
   -Desculpe, irmã- diz a mais nova, agarrada ao bebê- você sabe como eu queria um filho! E era isso que Oliver iria querer, ele não gostaria que seu filho fosse criado pelo rei!
   -Oliver iria querer cuidar da criança junto de Helena! Mas não pode, já que o nosso querido rei matou nosso irmão!- gritou a mais velha
   -Vocês sabem o que acontece com traidores- digo -ele teve o destino merecido!
   -Queime no inferno!- grita Lucia 
   -Quieta, fêmea mal agradecida!- digo -Helena não saberá que a criança está viva, caso algum de vocês contem a ela, eu mesmo tratarei de matar a criança!
   -Ela não saberá de nada- diz a mais nova -Lucia não dirá nada.
    Lucia e seu companheiro saíram correndo de volta para seu vilarejo, aquela fêmea não é brincadeira!
   -Eu prometo- diz Cataline
   -Tenho certeza que sim- digo dando uma última olhada no bebê
   -Qual o é o nome dele?- pergunta a jovem eu já estava voltando para meu lar.
   -Marcus- digo antes de voltar para o meu palácio.
 
                                                                           ⛤⛤⛤    
 
    Nota da autora: aconselho vocês lerem essa parte do capítulo ouvindo a música Saturn do Sleeping At Last, é só isso mesmo!
    Beijuuus!❤  
 
    Já fazem vinte e três anos desde que Alexandre matou meu filho...
    Ele era tão lindo...
    Tão enrugadinho! Assim que nasceu eu pude ver a semelhança com o pai, olhos escuros e cabelos loiros, como sinto falta dos dois!
    Falta de Gwendolyn...
    Eles morreram por minha causa, eu fui a verdadeira culpada.
    E hoje, apesar de tudo, vinte e três anos depois, eu me tornei Rainha e passei a amar, na medida do possível, Alexandre.
    Tivemos uma filha, meu raio de sol, minha pequena flor Yasmine.
    Ao contrário do meu bebê, ela era exatamente como eu, graças a lua!
    Ela carrega a beleza do sol, cabelos acobreados e olhos verdes como os meus, um narizinho arrebitado que faz qualquer um se apaixonar.
    Yasmine é amada por todos do reino.
    Ela é tudo para mim, a única coisa boa que saiu do meu casamento com Alexandre.
    De tempos em tempos eu vejo a família de Oliver. Cataline, a irmã mais nova é mãe de dois belos rapazes.
    O mais velho teria a idade do meu menino, ele se chama Marcus... Eu me apaguei tanto a aquela criança que Alexandre e eu decidimos traze-lo para o palácio para ser treinado pelo melhor dos melhores e hoje é o líder da guarda real e pai de dois jovenzinhos! Uma mestiça, filha de uma vampira e um bruxo chamada Marie Anne e um pequeno menino que cresce no ventre de sua amada companheira, Amara.
    E o mais novo é uma graça, tão doce e atencioso...um jovem artista!
    O jovem Milles tem uma inteligência estupenda!
    Yasmine gosta muito dele, mas não quero que minha menina se apegue demais a aquela família...eu já lhe causei sofrimento demais... e ela é tão nova...
    Hoje é seu aniversário de quinze anos, o reino todo está em festa!
   -Mãe?- chama minha pequena na porta de meu quarto
   -Entre querida!
   -A senhora está melhor?- pergunta ela se sentando na beira de minha cama  
   -Maravilhosamente- digo sorrindo, mas ainda assim com a voz fraca
   -Majestade?- chama a voz de um rapaz
   -Olá, meu querido!- digo sorrindo para Milles
   -Trouxe uma coisa- ele diz sorrindo
   -O que é?- pergunto curiosa e Yasmine sorri para Milles
    Ele me mostra um enorme quadro e nele estava pintado a coisa mais linda do mundo, minha filha...
   -É lindo...- digo apreciando
   -Yasmine realmente é belíssima- responde o rapaz sorrindo
    Milles é apenas quatro anos mais velho que Yasmine, mas eu ainda o acho velho demais para a minha pequena flor, e Alexandre jamais aceitaria que Yasmine se casasse com um camponês.
   -Menos, rapaz- repreendo e ele sorri envergonhado. Yasmine apenas ri da cara que o amigo fez -mas sim, ela realmente é...
    Começo a ter outro acesso de tosse. A muito tempo não fico doente... Claro que eu não estou apenas doente, eu estou morrendo, mas minha pequena não deve se preocupar com isso agora.  
   -Tudo bem- diz Milles que vem até meu encontro, tentando ajudar-me -a senhora vai ficar bem...
   -Mãe!- diz Yasmine vindo até mim
   -Estou bem- digo sorrindo -pode chamar seu pai por favor?
   -Está bem- diz ela relutante
    Assim que ela sai do quarto eu olho para Milles que me encarava preocupado.
   -Cuide dela, por mim- digo e ele assente com a cabeça -por favor...
   -A senhora ficará bem, Majestade- diz ele me passando  uma taça de sangue 
   -Não querido...-digo pegando a taça de sua mão e dando um pequeno gole -tem veneno de Lobisomem no meu organismo, eu irei morrer, então por favor...se gosta mesmo da Yas do jeito que você demonstra, cuide dela por mim... 
   -Eu prometo- diz o rapaz
   -Ótimo- digo baixinho fechando meus olhos
   -Helena!- diz Alexandre entrando em meu quarto como um furacão
   -Estou bem- digo -podem nos dar licença?conversamos mais tarde, Yas...
   -Vamos, Yas- diz Milles tirando-a de meus aposentos             
   -Eu te odeio Alexandre!- vociferei -odeio por ter matado minha melhor amiga, o odeio por ter matado o amor da minha vida, o odeio por ter matado meu filho! e também o odeio por ter me tirado a liberdade...
   -Helena, eu...
   -Mas obrigado...por ter me dado uma filha tão linda como Yas- afago as mãos de Alexandre
   -Você vai ficar bem- diz ele
   -Não, eu estou morrendo, eu estou rígida por dentro, e olhe...- eu tiro os lençóis de cima de minhas pernas, mostrando-as, estavam completamente imóveis -não posso mais mexe-las, eu estou morrendo Alex!
    Ele deita ao meu lado e me abraça.
   -Sinto muito Helena... por ter te tirado seu filho...Fui egoísta  o tirei de você, fazendo-a sofrer, perdoe-me!     
   -Sabe que não posso perdoa-lo, mas eu entendo...
   -Eu a amo tanto...e eu era tão estúpido e novo naquela época...não devia tê-la forçado a se casar comigo... eu fiquei cego pelo ciúmes, e sei que o que eu fiz foi imperdoável...mas preciso que você me perdoe! Por favor... 
   -Não posso... você matou aqueles que eu mais amava, então não posso perdoa-lo e eu sinto tanta falta do meu filho, Alexandre! Você me destruiu quando o matou...  
   -Ele está vivo- sussurra ele
   -O que?- pergunto soltando-me dele- como assim?!
   -Eu não o matei.
   -Eu o vi mata-lo, Alexandre! Como ele pode estar vivo!? - eu queria muito poder andar agora, eu socaria Alexandre até ele pedir misericórdia!
   -Eu o dei para as irmãs de... Oliver
    Eu o encarava incrédula.
    Ele é um mentiroso não é!? Eu mesma o vi matando meu filho! Não sou louca!
    Então eu sinto um estalo, a semelhança de Oliver com o filho de Cataline... O seu cheiro... ele não pode ser não é? Ou pode...
   -Marcus... ele...?- gaguejo e então sinto lágrimas caindo de meus olhos 
   -Sim- responde ele
    Eu sempre senti uma ligação muito forte com aquele garoto, mas... não! não! não! Alexandre é um mentiroso! Não posso acreditar em nada que saia da boca daquele assassino! 
   -Sinto muito Helena...
   -Ele estava tão perto... - digo a mim mesma, esquecendo totalmente a presença de Alexandre -e eu nunca nem se quer percebi! Eu perdi tudo! Os primeiros passos! As primeiras palavras! Eu nem percebi que aquele rapaz era meu filho! Que tipo de mãe eu sou?! E-eu...
   -Eu pedi para Cataline encontrar uma bruxa...para disfarçar o cheiro da criança- diz ele
   -Não pude cuidar dele...-digo baixinho 
   -Helena...
   -E agora eu estou morrendo! Nem sequer poderei dizer-lhe que sinto por tê-lo trazido para esse mundo... Ele nem sabe quem eu sou realmente... Você tirou tudo de mim, Alexandre!  
   -Helena, meu amor... 
   -Chame Yas- digo secando minhas lágrimas -quero me despedir...
   -Mas...
   -Não quero olhar para você- digo fervendo de raiva -nunca mais chegue perto de mim
    Alexandre respira fundo e me olha triste, mas mesmo assim aceita o meu pedido.
    Ele sai pela porta e segundos depois vejo minha flor entrar por ela.
   -Não chore- digo passando as mãos por seu cabelo sedoso -eu te amo!
   -Eu também!- ela me abraça mais forte e seus soluços ficam mais intensos -não morra...por favor...
   -Sinto muito meu amor- digo tentando não chorar -Milles cuidará de você minha pequena...ele gosta muito de você!      
   -Eu também gosto muito dele- adimite ela, sorrindo entre as lágrimas
   -Não deixe seu pai dizer quem você pode ou não amar... Você pode amar quem você quiser, não importa quem
    Ela assente com a cabeça e a puxo mais para perto para ela não poder ver o meu rosto.
    Agora eu irei morrer, sabendo que meu filho não estava morto.
    Sabendo que minha filha será criada por um cretino mentiroso.  
    Respiro fundo assim que meu rosto começa a ficar rígido...sinto meu corpo relaxar, de certo modo. Muitos dizem que a morte trás a paz.
    Eu estou contando com isso, pois sofri minha vida inteira nas mãos daquele príncipe amargurado, mas mesmo assim eu o amei...
    Então eu espero que a morte seja generosa comigo, que não me traga mais dor...
    Fecho meus olhos, esperando que tudo isso passe.
 
                                                                               
 
                                               Helena
 
 
 
 
                                                        Gwendolyn
 
 
 
                                            Alexandre
 
                                                                                                      Oliver                                                                





                                                                          
Cataline

 
 

   
Companheiro da Cataline




   
Lucia




  
Companheiro da Lucia




  
Milles(jovem)




                                            Yasmine
 

 

     
                

       
                 
       
     
     
             
     
     
   

 

Comentários

  1. Véi... esse capítulo que eu tô com meu c* na mão parça...
    Autora, quando eu ganhar na mega sena eu publico teu livro (todos os capítulos, por sinal). Véi... MUITO BOM, isso aqui é melhor que churrasco em um domingo e ver um tio bebado fazendo batalha de rima com outro tio velho ou ent ver briga de casados pq um levou chifre kkkkkkk. Que incrível esse capítulo, mano, por mais que o Alexandre seja um pa* no c* tu ainda fez ele "melhorar" um pouco e mds... tadinha da Helena, achei desnecessário Alexandre matar a Gwendolyn mas tudo bem, foi bom pro capítulo e pra fazer ele ser mais cruel, eu gostei.
    Autora, eu amo essa tua mente brilhante, pfv não para. Eu sei que eu só tô no capítulo vinte mas pfv NÃO PARA!

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